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Sebrae Minas e APEX Brasil levam compradores internacionais para conhecer a Região do Cerrado Mineiro

Comitiva com 12 importadores e representantes de torrefações de oito países visitaram fazendas, plantações e armazéns, no último final de semana
Por Da redação
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Cafeicultores da Região do Cerrado Mineiro – primeira a receber Indicação Geográfica do café na modalidade Denominação de Origem (DO) – receberam, de 11 a 13 de novembro, um grupo de 12 compradores internacionais. Participaram da comitiva, representantes e empresários do comércio de café e de torrefação da África do Sul, Arábia Saudita, China, Índia, Moçambique, Polônia, Portugal e Rússia. A ação tem o objetivo de facilitar o contato direto dos cafeicultores com potenciais compradores, valorizando a origem produtora e fomentando novos negócios.

Durante as visitas, os convidados conheceram os cafeicultores, as propriedades rurais e todo o processo de produção dos cafés, além de degustarem a bebida com terroir único da região – características como clima, solo, relevo, temperatura, umidade e práticas de produção.

Crédito: Flávia Ferraz

A iniciativa foi organizada pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (APEX Brasil), em parceria com o Grupo Educampo/Café Araxá, o Sebrae Minas e a Federação dos Cafeicultores do Cerrado. Ao longo dos três dias, os compradores provaram 98 amostras nas rodadas de cupping – processo de degustação com base no paladar e no olfato dos especialistas -, realizadas no Acauã Armazém Gerais, em Araxá. Alguns compradores iniciaram as negociações da compra de lotes ainda durante a trip, outros levaram amostras para analisarem os grãos em seus países de origem.

Um dos integrantes do grupo de compradores foi David Donde, da Cidade do Cabo, na África do Sul – conhecido entre os coffee lovers como fundador da Truth Coffee Roasting, eleita duas vezes uma das 13 melhores cafeterias do mundo pela agência de notícias britânica The Telegraph. “Eu vendo experiencia, não café. Compro cerca de 65 toneladas de grãos por ano, de vários lugares do mundo, como: Etiópia, Guatemala, Colômbia. O café brasileiro representa cerca de 40% da nossa compra. Participar da trip é uma oportunidade para conhecer in loco novos fornecedores de cafés especiais”, destaca.

Vindo pela primeira vez ao Brasil, a torrefadora Katarzyna Sadowska, representante da Good Coffee Micro Roasters, da Polônia, afirma que conhecer o maquinário utilizado nas fazendas e a história dos produtores agrega ainda mais valor ao produto. “Importamos, em média, 10 toneladas de grãos por ano, sendo 30% de café brasileiro. Temos vendas online e planos para abrir novas cafeterias, podemos repassar aos nossos clientes todas as experiências que vivenciamos aqui e como de fato o café é produzido”, conta.

Crédito: Flávia Ferraz

Negócio familiar e sustentável

O produtor Paulo Vilela recebeu os compradores, na Fazenda Santa Maria, e apresentou a trajetória da sua família na cafeicultura, as técnicas de cultivo e preparo do grão. Em uma área de 402 hectares, sendo 280 de lavouras com o grão, foram produzidos 65 sacos de 60kg por hectare, na safra de 2023, o que representa pouco mais de 1 tonelada. O negócio começou com os avós e passou para os pais e, hoje, é administrado por Vilela com o apoio da esposa e dos filhos: Sofia, de 25 anos, formada em Agronomia, e Samuel, de 21 anos, prestes a concluir o curso.

O cafeicultor conta que a experiência e os conhecimentos absorvidos pelos filhos têm surtido efeito na propriedade, especialmente, em relação às práticas sustentáveis.

Há dois anos, desenvolveram um laboratório para a produção de protetores biológicos contra pragas, produzidos a partir de fungos e bactérias. “A cafeicultura regenerativa está sendo cada vez mais valorizada pelo mercado. Diminuir o uso de herbicidas significa, além de redução de custos, mais qualidade. É importante mostrarmos que estamos atentos às questões ligadas ao cuidado com o meio ambiente, já que os consumidores estão cada vez mais exigentes e conscientes”, explica Almeida.

Apoio técnico e gerencial

O produtor é atendido, há dez anos, pelo programa Educampo. O trabalho é desenvolvido pelo Sebrae Minas com outros 17 cafeicultores da região de Araxá para a estruturação de toda a cadeia produtiva. A iniciativa promove uma rede de compartilhamento de informações e acesso à tecnologia, que favorecem o aumento da produção, competitividade e da rentabilidade das propriedades rurais.

“A Região do Cerrado Mineiro possui um alto nível de tecnologia, organização, consistência em fornecimento e qualidade. Essa ação faz parte das iniciativas do Sebrae Minas para conectar cafeicultores com o mercado, estabelecer novos contatos e possibilitar a geração de negócios futuros”, explica o analista do Sebrae Minas Cláudio Wagner de Castro

O grupo foi o primeiro da região, criado em 2001, e há cerca de dois está trabalhando para conquistar novos mercados no Brasil e no mundo. As consultorias são realizadas pelo instrutor Rodrigo Ticle, que acompanha a evolução dos produtores. “Especialmente nas áreas de gestão, controle de custos e indicadores, houve grande avanço. Receber os compradores internacionais coroa esse trabalho, pois é importante que vejam a produtividade das propriedades, potencializando ainda mais uma negociação futura com o mercado internacional”, reforça.

Anfitrião para a realização das rodadas de cupping, o diretor da Acauã Armazém Gerais, Reinaldo Olini, reforça o protagonismo dos cafeicultores na produção de grãos de qualidade. “É feita uma análise das amostras de cafés e emitido um laudo para atestar a qualidade do produto. Depois disso, direcionamos para os compradores de acordo com as características e padrões de mandados. Por isso, a valorização do café da região é um resultado colhido por todos”, enfatiza.

Crédito: Flávia Ferraz

Durante o cupping foram provados cafés com notas entre 83 e 88 pontos, sendo considerado especial as amostras com pontuação acima de 80. Os grãos foram identificados pelas notas achocolatadas e de caramelo, com acidez alta. Houve também cafés com sabores mais exóticos de florais (jasmim), rapadura e caldo de cana.

Produção

Cerca de 4,5 mil cafeicultores de 55 municípios mineiros do Alto Paranaíba, Triângulo e Noroeste do estado atuam na Região do Cerrado Mineiro. Com uma produção média de 6 milhões de sacas por ano, produz 12,7% da safra nacional e 25,4% da estadual. Os grãos são cultivados em um território singular, com estações climáticas bem definidas – verão quente e úmido e inverno ameno e seco. O plantio é feito em áreas com altitude que variam entre 800 e 1,3 mil metros, o que resulta em cafés com identidade única e de alta qualidade.

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Assessoria de Imprensa | Prefácio Comunicação

Flávia Ferraz – [email protected]

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