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“Não basta só seguir, também temos que lançar tendência”

Durante a MAX 2023, produtor do longa “Mussum - O Filmis” falou sobre os desafios para levar o brasileiro de volta ao cinema
Por Da redação
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O mineiro André Carreira é responsável pela produção do filme com a maior bilheteria do cinema brasileiro em 2023. O longa “Mussum – O Filmis”, que conta a trajetória de vida de um dos maiores humoristas do país, faturou R$ 2 milhões no primeiro fim de semana em cartaz, com R$ 640 mil em ingressos vendidos apenas no dia da estreia (2/11).

Ao lado da sócia Júlia Nogueira na produtora Camisa Listrada, Carreira já emplacou projetos com players do mercado como a Netflix, Paramount, Fox, Telecine e TV Globo, além de vários sucessos para o cinema entre eles, os filmes “Os Farofeiros”, “Fala Sério, Mãe!”, “O Candidato Honesto” e o “O Menino no Espelho”, do qual é também corroteirista. Como diretor, fez os os curtas “Oxicianureto de Mercúrio” e “Contrato com a Sorte”, que circularam em diversos festivais pelo Brasil.

O produtor mineiro foi um dos destaques da MAX 2023, um dos maiores eventos de audiovisual do país, promovida pelo Sebrae Minas, entre os dias 7 e 9 de novembro, em Belo Horizonte. Em entrevista exclusiva para a Agência de Notícias do Sebrae de Minas Gerais, Carreira contou sua biografia de mais de duas décadas no audiovisual, sua percepção e expectativas sobre a evolução do setor no Brasil, e alguns dos motivos que levaram um mutirão de volta para as salas de cinema após a pandemia.

ASN-MG – Qual foi a trajetória da Camisa Listrada no audiovisual?

André Carreira – A produtora foi criada em 2000, em Belo Horizonte. Até 2012, a produtora atuava apenas no mercado mineiro. Em 2013, abrimos uma filial no Rio de Janeiro, e deu tão certo que acabou virando a matriz, ao qual eu e a Júlia Nogueira somos sócios. Em BH, tive a oportunidade de trabalhar com o Helvécio Ratton, um dos maiores cineastas mineiros.

O maior projeto que produzimos em Minas foi o “Menino no Espelho”, uma adaptação do livro do Fernando Sabino. Também tivemos uma série de filmes que foram um sucesso de bilheteria no Brasil: “O Candidato Honesto” 1, “Fala Sério, Mãe!”, “Os Farofeiros” e acabamos de lançar a maior bilheteria do Brasil, em 2023, o “Mussum – O Filmis”. Além disso, também tivemos alguns projetos feitos para os streamings, entre eles: “Tudo Bem no Natal que Vem” e “Depois do Universo”. Também está previsto lançarmos um filme de Natal na Amazon Prime Video.

Quais são os principais fatores que contribuíram e contribuem para a Camisa Listrada ser essa produtora de tantos projetos de sucesso?

Produzimos filmes que tenham potencial de se comunicar com o público, para termos um maior alcance. A dica é manter o radar sempre ligado no tipo de conteúdo que está sendo consumido, e também estar atento aos gêneros que já fazem sucesso lá fora, mas que são pouco explorados no Brasil. Mas, não basta só seguir, também temos que lançar tendência.

O que você atribui ao sucesso na estreia do longa “Mussum – O Filmis”?  

Trabalhamos com a fanbase, ou seja, a base de fãs que o Mussum tem Brasil afora. O que ajudou muito a não partirmos do zero. Mesmo 30 anos após sua morte, o Mussum continua vivo nos memes, sendo referenciado até no nome de uma cerveja. Ele simboliza o humor brasileiro, o nosso alto astral e a nossa energia alegre e divertida. Além disso, as pessoas têm muito interesse em saber mais sobre a trajetória de vida da pessoa, por trás do personagem.

Como você avalia a evolução do setor audiovisual brasileiro ao longo dos anos em termos de tecnologia e produção?

O cinema brasileiro evoluiu muito. A entrada dos streamings no mercado e o fato das produtoras brasileiras estarem produzindo conteúdo para essas plataformas, faz com que as produções evoluam em termos técnicos como fotografia, efeitos e direção de arte. E uma coisa vai puxando a outra.

Ao mesmo tempo que avançamos no streaming, esse conhecimento também chega ao cinema. Acredito que estamos vivendo um momento muito positivo, porque isso eleva a autoestima do mercado e gera um sentimento de confiança que somos capazes de fazer produções de grande porte.

Como você analisa as formas de incentivo à cultura para o financiamento das produções do audiovisual brasileiro?

As leis de incentivo ainda estão paradas no tempo e precisam ser atualizadas. Houve uma evolução com as novas tecnologias, mas também um aumento da competitividade e dos custos de produção.

Se o Brasil quer ser um país competitivo no mercado, temos que mudar os modelos de financiamento, investir em ferramentas mais modernas, assim como acontece em outros países. Também temos que estimular a iniciativa privada a investir no audiovisual por meio de incentivos fiscais.

Além da falta de investimento, quais são os outros desafios enfrentados pelo setor?

Desde a pandemia, não tivemos a volta do consumo do cinema brasileiro. Durante um tempo, não houveram produções competitivas no mercado, tanto por falta de incentivo por parte do governo, quanto pelas restrições impostas pelo isolamento social. Com isso, produções que iriam estrear nos cinemas, foram direto para as plataformas de streaming. Como vamos atrair novamente o público para as salas de cinema, ainda é um desafio.

As produções brasileiras vêm conquistando espaço no mercado internacional?

Cases de produções brasileiras com êxito internacional são cada vez mais frequentes. Temos inclusive exemplos na Camisa Listrada como os filmes “Tudo bem no Natal que vem” e o “O Candidato Honesto”, que ganharam remake no México e no Japão, respectivamente

Mas, ainda assim, estamos longe de termos um fenômeno como o filme “Parasita”, que ganhou o Oscar, ou como a série coreana “Round 6”. Inclusive, esse é um bom exemplo, porque o sucesso dessa série é resultado de uma política de incentivo coreana que vem acontecendo há anos, e que agora começa a dar frutos.

Na sua opinião, o que esperar do futuro do audiovisual?

Acredito que estamos caminhando realmente para termos uma produção consistente e de qualidade para o streaming. Porém, ainda precisamos retomar nosso espaço na produção independente do cinema. Ou a gente acorda e cria formas de recuperar nesse espaço, ou iremos perder.

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Assessoria de Imprensa Prefácio Comunicação

Laura Baraldi – (31) 3379-9278 / 9275 / 9271

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