Fortemente impactado pela pandemia, o setor audiovisual brasileiro vem se recuperando e ganhando fôlego para seguir em frente. Após a participação no maior evento de audiovisual de Minas Gerais, realizado nesta semana, em Belo Horizonte, o presidente da Agência Nacional do Cinema (Ancine), Alex Braga, concedeu entrevista exclusiva para a Agência Sebrae de Notícias (ASN/MG) e falou sobre o cenário do audiovisual, desafios, mercado de trabalho e financiamento para alavancar os pequenos negócios do setor.
Confira na íntegra a entrevista:
ASN/MG – Qual o cenário do mercado audiovisual hoje?
Alex Braga – O mercado audiovisual vive um momento de retomada após a pandemia. Durante este período, houve uma maior circulação de obras brasileiras, principalmente, nos serviços de streaming. Agora, há a retomada do cinema e, efetivamente, das produções. As linhas de financiamento da Ancine estão em curso e já começam a apresentar resultados neste fim de ano. Já as contratações e desembolso ocorrem no início de 2023. Acredito em uma retomada rápida desse setor que foi tão afetado pela Covid.
Quais os principais desafios que o mercado brasileiro enfrenta?
Os desafios do mercado brasileiro envolvem, principalmente, infraestrutura e capacitação. O aumento do volume de investimentos conflita com a escassez, tanto de mão de obra especializada, quanto de infraestrutura – estúdio, laboratórios de pós-produção e sonorização. O enfrentamento dessa escassez contribui para a redução ou, quem sabe, a oferta de equipamentos, instalações e serviços. A Ancine lançou recentemente uma linha de crédito de serviços de infraestrutura de inovação para estimular o empreendedorismo, especialmente, nesta área. Estamos disponibilizando novas frentes de capacitações e formações de mão de obra nos níveis técnico e superior.
O que está sendo feito pela ANCINE para alavancar os negócios do setor?
A Ancine está abrindo a possibilidade de financiamento – via Lei de Incentivo – para a apresentação de projetos de capacitação para estimular a formação de mão de obra para o setor. O Fundo Setorial investe na capacitação de novos profissionais, mas entendemos que a iniciativa envolve uma linha de financiamento para a inclusão de pessoas de baixa renda ou do interior dos estados. Nosso objetivo é gerar novas possibilidades para a indústria audiovisual e fomentar o mercado de trabalho.
Quais as maiores dificuldades para apresentar um projeto ao mercado?
Hoje, do ponto de vista da produção de filmes e séries, a maior dificuldade é a concorrência com o conteúdo estrangeiro. Existem ainda limites para aportes de recursos públicos no financiamento de obras. Queremos que esses limites sejam ampliados para qualificarmos o processo de produção das obras audiovisuais brasileiras. A escassez de mão de obra e de infraestrutura técnica afeta muito o planejamento, por isso, a empreitada audiovisual está muito difícil. Quanto aos projetos de infraestrutura e de inovação, houve uma surpresa pelo volume da demanda, que supera em três vezes o valor ofertado. Essas linhas de crédito têm custo reduzido, prazo de carência e de pagamento ampliados. A grande dificuldade é, justamente, o volume de demandas, que tem gerado uma fila para a Ancine gerenciar.
Ainda não há uma legislação específica para os serviços de vídeo sob demanda, o VOD. Qual a expectativa em relação a uma definição de regras para este mercado?
Existem projetos de lei em curso no Congresso Nacional sobre a regulamentação desses serviços de streaming. Eles estão em debate, mas acredito que o principal é criar um mecanismo de incentivo que estimule os negócios entre produtores brasileiros e os serviços de streaming, especialmente, os estrangeiros. Isso vai permitir que o investimento que, hoje, ocorre no mercado brasileiro, venha acompanhado do maior desenvolvimento local para a retenção de propriedades intelectuais e ampliação de rentabilidade do produtor brasileiro. Hoje, é um mercado majoritariamente de prestação de serviço, o que é positivo. Atrai recursos, amplia e consolida vários elos da cadeia. Acreditamos que o aquecimento das linhas de crédito deve gerar efeitos permanentes e duradouros para a economia e para sociedade brasileira. Aguardamos essa regulamentação para que isso possa ser estimulado e incentivado.
O que esperar do setor audiovisual nos próximos anos?
Teremos um alto impacto na geração de emprego e renda nesse setor. Acredito que a sociedade brasileira irá se orgulhar da sequência de lançamentos e estreias nas salas de cinema, na televisão e nos serviços de streaming, que serão vistos e ouvidos em todos os canais de comunicação.
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