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No dia a dia de um produtor de leite, todo investimento precisa se traduzir em litros. É simples assim: logo que entra dinheiro na fazenda, a expectativa é que, adiante, isso se transforme em aumento na produção. Foi com esse raciocínio que os irmãos Mário e Sauro Argemiro Paes Leme, da Fazenda Buriti Comprido, em Capinópolis, fizeram um trabalho a longo prazo que colocou a propriedade em um rumo diferente.
Contudo, os desafios, no início, eram enormes. Para desafiar um cenário que seria pessimista, os irmãos apostaram em mudanças importantes. Primeiro, transformaram a fazenda que, antes, era utilizada para a criação de suínos, em produtora de leite. Em seguida, aderiram ao Educampo Leite, programa do Sebrae Minas que leva assistência técnica e de gestão às propriedades leiteiras.
Quando o projeto começou em 2019, a desconfiança veio junto com os consultores que cruzaram a porteira. “Estamos numa região onde o nível de conhecimento do produtor ainda é muito baixo. Muitos não entenderam que é preciso tratar o leite como negócio. Faltam gestão e controle”, comenta Mário que, hoje, fala com a tranquilidade de quem viu a fazenda dar um salto nos resultados.
E os números confirmaram a decisão. Com planilhas em mãos e metas bem traçadas, a produção subiu de 24 para 29,5 litros de leite por vaca/dia. “Antes, não tínhamos noção de onde queríamos chegar. Com o Educampo, passamos a fazer projeções e acompanhar os dados de perto. Sempre dissemos: a meta é produtividade. E, agora, estamos quase lá”, conta Mário.
Apoio ao homem do campo
O Educampo Leite é um programa do Sebrae Minas voltado para a melhoria da gestão e do desempenho técnico e econômico das propriedades leiteiras. Por meio de visitas regulares de técnicos especializados, os produtores recebem orientações sobre nutrição, sanidade, reprodução, manejo, qualidade do leite e gestão financeira. O objetivo é aumentar a eficiência da produção e a rentabilidade, com base em dados concretos e práticas sustentáveis.
A metodologia desenvolvida pelo Educampo vem permitindo acompanhar indicadores de desempenho da fazenda e tomar decisões baseadas em evidências. O acompanhamento contínuo também facilita a identificação de gargalos e a proposição de soluções práticas para melhorar os resultados.
A partir daí, os produtores conseguem ajustar processos e tomar decisões com mais segurança. “A gente passa a enxergar coisas que, do lado de dentro, não víamos. Por exemplo: gastávamos muito com medicamento de casco, mas sem resultado real. Com o Educampo, ajustamos o manejo e começamos a ter retorno com menos gasto”, lembra Mário.
Fortalecimento Coletivo
Além de cuidar da própria produção, Mário também é tesoureiro e um dos fundadores da Associação dos Produtores de Leite do Triângulo Mineiro (Aprolac). São quase 25 pecuaristas, de seis cidades: Ituiutaba, Capinópolis, Santa Vitória, Ipiaçu, Cachoeira Dourada e Gurinhatã.
Recentemente, o grupo retomou o Educampo por meio de uma parceria com o Laticínio Catupiry. “Nas reuniões, já vínhamos pedindo mais apoio para capacitação. Alguns produtores estavam há dois anos sem esse tipo de assistência. Propusemos o Educampo, e o laticínio topou. Entenderam que o resultado viria”, explica Mário.
A nova etapa começou há pouco mais de 50 dias, ainda em fase de diagnóstico. São necessários pelo menos seis meses de dados para as primeiras análises, mas os produtores já estão animados. Afinal, a experiência da Fazenda Buriti Comprido mostra que os resultados chegam. E chegam bem.
Os irmãos contam com um rebanho de 340 vacas, 100 delas em fase de lactação produzindo, em média, 29,5 litros por animal/dia. Com este cenário, a primeira meta de produzir 30 litros, está próxima de ser alcançada. Mas os irmãos Paes Leme querem ir além. “Agora, o objetivo é chegar aos 35 litros por vaca, sem aumentar o número de animais. É isso que a gente chama de eficiência no campo”, resume Mário.
Melhoramento genético também entra em cena
Além do Educampo, os produtores da Aprolac também começaram a colher os frutos de outra iniciativa apoiada pelo Sebrae Minas: o projeto de fertilização in vitro (FIV) por meio do programa Sebraetec. A proposta é usar a biotecnologia como aliada na seleção de animais mais produtivos e eficientes.
O Sebraetec viabiliza o acesso dos produtores a serviços tecnológicos com subsídio financeiro do Sebrae. No caso da FIV, os pecuaristas podem contar com especialistas e laboratórios para implantar embriões de alto valor genético em vacas receptoras. O foco é acelerar o melhoramento do rebanho, reduzindo o intervalo entre gestações e priorizando características desejáveis, como maior produção de leite com menor consumo de ração e pastagem.
“Este é um projeto paralelo, mas que todos da Associação já sinalizaram o desejo de conhecer melhor. A genética vem para complementar o que estamos fazendo com gestão e manejo. Percebemos que há muito potencial”, completa. Com o apoio técnico e o olhar estratégico no campo, produtores como os irmãos Paes Leme mostram que é possível crescer com planejamento, cooperação e, claro, conseguir um bom balde cheio ao fim do dia.
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Assessoria de Imprensa do Sebrae Minas | Regional Triângulo
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