Quando o empreendedorismo entra pelas portas de uma escola, janelas de possibilidades se abrem para crianças e jovens escreverem o seu futuro. No Dia da Educação, celebrado nesta sexta-feira (28/4), o Sebrae Minas destaca iniciativas realizadas pelo Programa Nacional de Educação Empreendedora (PNEE) que, no ano passado, levou a importância dessa temática para, aproximadamente, 170 mil estudantes e 30 mil professores de Minas Gerais.
Um desses trabalhos é realizado no município de Delfim Moreira, no extremo Sul do estado, onde o empreendedorismo faz parte dos conteúdos ensinados dentro de sala de aula desde 2019. Por meio do curso de Jovens Empreendedores Primeiros Passos (JEPP), foram capacitados cerca de 60 professores, em todas as cinco escolas da rede municipal, impactando 800 estudantes.
A Escola Municipal Filomena Peixoto Faria integra estes dados, com a participação de professores em cursos e oficinas. Em 2022, o tema escolhido para abordar a temática do empreendedorismo foi “Cuida da Terra”, uma forma de trabalhar a sustentabilidade e sensibilizar sobre a importância da preservação do meio ambiente. O assunto é pertinente pelo fato de Delfim Moreira ser conhecida pelas cachoeiras, matas de araucárias (árvore típica e símbolo do município), além do clima gelado, com temperaturas negativas durante o inverno, características que favorecem o turismo, importante fonte de emprego e renda.
Cada turma ficou responsável por um subtema, de um total de dez. A professora Isabelle Stephanie Ribeiro de Carvalho explica que o sétimo ano, por exemplo, trabalhou ‘Os encantos da Araucária’. “Para colocar em prática, cada professor desenvolveu atividades dentro de suas áreas. Nas aulas de Português, usaram poemas; em Ciências, falou-se sobre a biologia da árvore e, na Matemática, aprenderam a calcular os custos de receitas culinárias à base de pinhão, fruto da árvore”, explica.
Já as crianças do 1° ao 5° ano participaram de atividades baseadas no livro infantil “Mantiqueirópolis” – obra do escritor e ilustrador Paulo César Prince Ribeiro, morador de Delfim Moreira – que conta a história de uma vila, rodeada pela natureza e repleta de animais, que se deparou com um desafio: unir humanos e animais para salvar o pequeno paraíso da destruição. Professores promoveram a leitura do livro, roda de conversa, peça de teatro, bate-papo com o autor e, por fim, um debate sobre as soluções para o problema apresentado no livro infantil e as semelhanças com a vida real dos alunos.
Envolvimento da comunidade
Todas as escolas apresentaram os resultados dos trabalhos durante a ‘Feira de Empreendedorismo’, no fim do ano passado. No evento, as crianças puderam expor e vender o que produziram. Um dos alunos participantes foi Levi Carvalho Lourenço, de 12 anos, com o projeto para a recuperação de lâmpadas de led. Durante cinco meses, ele e os colegas aprenderam sobre os diferentes tipos de lâmpadas e as formas de recuperá-las, com apoio de estudantes e professores do curso de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Itajubá (Unifei). Depois, eles fizeram uma coleta de lâmpadas estragadas pela cidade.
Do total arrecadado, os estudantes conseguiram recuperar 30 unidades, que foram colocadas à venda a preços mais baratos durante a Feira. “Esse trabalho ajudou a diminuir a poluição da minha cidade, porque o plástico e a lâmpada demoram muito tempo para se decompor. Com isso, aprendi que o lixo de uma pessoa pode se tornar o luxo para outra. Para mim, tudo isso que fizemos é empreendedorismo,” argumenta Levi. A motivação e a persistência do garoto deixaram a mãe de Levi admirada. “Fiquei muito orgulhosa ao ver meu filho explicando com entusiasmo sobre tudo o que aprendeu para quem visitou sua banca durante a Feira,” comemora Cíntia Maria Carvalho.
Protagonismo e transformação social
A professora da turma de Levi aponta algumas evoluções dos estudantes. “Houve avanços, não só em sala de aula, nas notas e no comprometimento, mas na vida pessoal, ajudando os pais em casa e calculando o valor das coisas,” completa Isabelle. A diretora da Escola Municipal Filomena Peixoto Faria, Marcia da Silva Dias Ferreira, acredita que fortalecer as características empreendedoras e aproximá-las da realidade trouxe resultados positivos para os estudos, e oportunidades de negócio em família e na comunidade. “Em um mundo em que muitas profissões estão sendo extintas, a necessidade de empreender se torna cada vez mais necessária. Por esse motivo, o projeto nas escolas é tão importante,” justifica.
Uma pesquisa realizada pelo Sebrae com quase mil professores, em 2021, mostrou que 70% deles avaliaram como bom e excelente o envolvimento dos alunos com o PNEE. Para a analisa do Sebrae Minas Andresa Silva, o programa é um poderoso fator de desenvolvimento econômico local. “Acreditamos nos projetos de educação empreendedora, pois o futuro será feito pelas crianças, mas isso dependerá da forma como estão sendo educadas hoje. É gratificante ver como os alunos se adaptam às mudanças rapidamente, além de mudar também a mentalidade dos pais, que participam do processo,” conclui.
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