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Produtores mineiros inovam e transformam o café em arte e novos negócios

Tradição, criatividade e sustentabilidade impulsionam empreendedores que ampliam as oportunidades e o valor da cadeia cafeeira
Por Josiane Silveira
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O café sempre fez parte da história de Minas Gerais. Nas montanhas, nos quintais e nas feiras, o aroma do grão acompanha gerações de famílias que vivem do campo. Mas, para além da xícara, empreendedores mineiros vêm mostrando que o café pode inspirar novas ideias, produtos e formas de empreender, sem perder de vista as raízes, a sustentabilidade e o valor da tradição.

É o caso do Caffé di Borella, de Manhuaçu, na Zona da Mata mineira. O negócio é da família desde 1940 e já está na quarta geração. Os primos Guilherme Tadeu de Melo Espeschit e Ana Cristina Rocha Espeschit contam que o bisavô e o avô viveram do café por décadas, mas que a fazenda ficou um período em hiato, sem produzir.

Alguns anos depois, eles decidiram replantar o futuro, com um olhar mais sustentável e inovador. “Em 2021, depois de concluir meu mestrado na área ambiental, apresentei à família um projeto para resgatar o legado e retomar essa tradição, mas com o propósito de produzir café orgânico, respeitando a natureza e os ciclos da terra. O consumidor percebe quando o produto é feito com consciência ambiental e valoriza ainda mais”, conta Guilherme.

Com áreas antes usadas para pecuária, a família iniciou o plantio de cinco variedades de café arábica, todas cultivadas sem defensivos químicos e com adubação orgânica. O resultado é um café especial, cultivado com manejo sustentável e colhido em um ambiente onde fauna, flora e produção convivem em equilíbrio.

A história da família ganhou um novo capítulo quando Ana Cristina encontrou na cerâmica um elo entre o campo e a arte. Doutora em nutrição, ela começou a modelar peças de cerâmica como hobby e, em pouco tempo, percebeu que poderia unir suas criações à tradição do café.

Hoje, os cafés da marca são acompanhados por xícaras e copos de cerâmica feitos à mão, que valorizam a experiência sensorial do consumo. “Quando o cliente segura uma xícara feita por mim e toma o café produzido pela minha família, ele experimenta e sente o tempo e a história que existe por trás daquele produto. É uma experiência afetiva, feita com as mãos e com o coração”, completa.

Cerâmica feita à mão por Ana Cristina Rocha Espeschit

Design sustentável
No município de Alfenas, no Sul de Minas, outra produtora rural também decidiu transformar o café em algo além do grão. Aos 63 anos, Elvira Alice Ribeiro é o rosto por trás da marca Jutta Coffee, que há dez anos produz bolsas, mochilas e acessórios feitos a partir de sacas de café reutilizadas.

Elvira começou na cafeicultura quase por acaso, após o marido plantar uma pequena lavoura próxima de casa. Com o tempo, a curiosidade se transformou em paixão e ela mergulhou no mundo do café. “O café tem uma energia que contagia. Ele conecta pessoas. Eu não gostava nem de café na xícara e hoje ele é o meu propósito”, confessa.

Os cafés da família não são comercializados no varejo, eles são vendidos direto para cooperativas. A ideia de criar bolsas sustentáveis surgiu em um curso de capacitação. Ao observar uma sacola feita de juta, Elvira percebeu o potencial daquele material. Com apoio de uma costureira e, depois, de parceiros japoneses, desenvolveu uma linha de produtos que hoje são vendidos em todo o país e até no exterior.

Com um portfólio de bolsas, mochilas, malas de bordo, nécessaires e outros itens, a Jutta Coffee se tornou um exemplo de empreendimento sustentável, que alia economia criativa e a valorização do campo. “A gente costuma dizer que é do lixo ao luxo. Transformamos o descarte em design, sem esquecer da história de onde tudo vem: o café. Já fornecemos, inclusive, para grandes empresas, como o Grupo Três Corações, que levou 800 peças de nossa criação até a Copa do Catar, em 2022”, conta emocionada.

Elvira Alice Ribeiro, Jutta Coffee, durante a SIC 2025

Café que gera oportunidades
Com o apoio do Sebrae Minas, produtores de todo o estado vêm se capacitando para agregar valor aos seus negócios, diversificar produtos e fortalecer o empreendedorismo rural. Iniciativas como o Educampo e outras ações de fomento ao agronegócio vêm estimulando a profissionalização, a diversificação produtiva e a sustentabilidade das pequenas propriedades. Assim, o café mineiro segue se reinventando e mostrando que o futuro da produção está na soma entre tradição, propósito e inovação.

A gerente de Agronegócios e Artesanato do Sebrae Minas, Priscilla Lins, ressalta que o café mineiro sintetiza a força da economia do estado e expressa uma combinação singular entre origem, conhecimento e inovação.

“Minas Gerais é referência mundial em qualidade e diversidade de origens. Nosso papel é apoiar o produtor para que ele se mantenha competitivo, incorporando práticas de gestão, sustentabilidade e tecnologia ao seu dia a dia. O Sebrae Minas atua de forma integrada, fortalecendo governanças locais, impulsionando a diferenciação pela origem e estimulando o posicionamento estratégico do café mineiro em mercados cada vez mais exigentes e conectados a valores de sustentabilidade e propósito”, pontua.

As marcas Caffe di Borella e Jutta Coffee participaram da Semana Internacional do Café (SIC), um dos maiores eventos do setor no mundo, realizada em Belo Horizonte, entre 5 e 7 de novembro. Com o tema “Café em Transformação – Inovação, Sustentabilidade e Oferta no Mercado Global”, o evento refletiu os desafios e as oportunidades de um setor que precisa se reinventar diante das mudanças climáticas e das novas exigências de consumo. O evento é realizado pela Espresso&CO, Sebrae, Sistema Faemg Senar e Governo de Minas Gerais, com apoio institucional do Sistema Ocemg.

Semana Internacional do Café 2025 – Crédito: Leo Drumond/NITRO

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