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Região tradicionalmente ligada à cafeicultura, o Cerrado Mineiro também ganha destaque pela produção de vinhos de alta qualidade. Nos últimos dias, um grupo de jornalistas e influenciadores digitais conheceu o potencial das vinícolas locais, ao visitar diversas propriedades e vinhedos, viver experiências na degustação do produto e conhecer técnicas de cultivo de uvas e demais processos de inovação.
A iniciativa faz parte do Projeto Imagem, em uma parceria entre o Sebrae, o Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura do Estado do Rio Grande do Sul (Consevitis-RS), o Instituto Euvaldo Lodi (IEL) e o Sindicato da Indústria de Vinho de Minas Gerais (Sindivinho-MG), com o foco em dar visibilidade aos vinhos do Brasil e fortalecer a identidade vitivinícola nacional. Ao todo sete vinícolas das cidades de Uberaba, Patrocínio, Patos de Minas e Serra do Salitre participaram da ação.
A passagem dos jornalistas e influenciadores pelo Cerrado Mineiro teve início na segunda-feira (28/7) com a visita à vinícola Ar Puro, de Uberaba. No dia seguinte, eles degustaram produtos dos vinhedos Raro Recanto e Bambini (ambos em Patrocínio) e do Alma Rios (Patos de Minas). A viagem foi completa na quarta-feira (30/7) com as visitas à Casa Bruxel (Patos de Minas) e à Bruma Alta (Serra do Salitre), com degustação de vinhos da vinícola Balerini.
Em 2025, sete regiões produtoras de vinhos do país serão contempladas com a visita de criadores de conteúdos de todo o país dentro do Projeto Imagem – as outras são Serra Gaúcha e Campanha Gaúcha (Rio Grande do Sul), Ibituruna (Paraná), São Roque (São Paulo), Vale do São Francisco (Bahia e Pernambuco) e Serra Fluminense (Rio de Janeiro). Além das visitas aos vinhedos, os participantes tiveram contato direto com enólogos e conversaram com produtores que investem constantemente em tecnologia e inovação.
A iniciativa reforçou o posicionamento da Região do Cerrado Mineiro como uma nova fronteira do enoturismo brasileiro, despertando o interesse de consumidores, sommeliers e apreciadores da bebida. “Por meio da parceria com o Sebrae, conseguimos levar o projeto para as fronteiras para fora do Rio Grande do Sul. Os resultados são fantásticos, porque trazemos formadores de opiniões, jornalistas especializados e influenciadores para conhecer os territórios e vivenciarem as experiências. É fundamental que eles estejam no território e se tornem embaixadores dos nossos vinhos”, explica a coordenadora do Projeto Imagem, Martha Caus.
A analista do Sebrae Minas Naiara Marra destacou o papel da instituição no desenvolvimento da cadeia de produção de vinho em todo o território. “Em conjunto com outros parceiros, temos trabalhado a governança, a gestão e o fortalecimento dos produtores de vinhos do Cerrado. O objetivo é estruturar uma estratégia de identidade e origem, possibilitando que o vinho ganhe maior visibilidade e acesso a novos mercados. E nossa inspiração vem do próprio território, do prestígio, da qualidade e do reconhecimento do café e do queijo da Região do Cerrado Mineiro”.
Na visão do analista de projetos do IEL Pedro Casasanta Peixoto, a iniciativa ajuda a colocar Minas Gerais definitivamente no radar dos amantes e especialistas em vinhos finos de todo o país. “Hoje, contamos com produtos de qualidade e projetos sólidos recentes, algo que é um diferencial da região. Os produtores começam a entrar no universo dos vinhos, a produzir e a se apaixonar pelo produto, com a certeza de onde querem chegar de fato. Ver o engajamento dos influenciadores é algo positivo e interessante dentro do projeto. Esperamos que todos voltem a tragam novos consumidores daqui em diante”.
A presidente do Sindivinho-MG, Heloísa Bertoli, também enalteceu a importância das experiências para valorizar o potencial dos produtores locais. “Trazer o Projeto Imagem para Minas Gerais é um privilégio para quem é amante dos bons vinhos. A ação se torna fundamental para atrair visibilidade e conhecimento aos vinhos do Cerrado Mineiro. O próprio estado de Minas Gerais precisa conhecer todas as experiências, gerando valor ao trabalho dos nossos produtores. Ainda que algumas vinícolas precisem de ajustes, todas caminham para ter produtos excepcionais e competitivos”.
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Veja as impressões dos jornalistas e influenciadores convidados:
“As experiências são sensacionais e fantásticas, porque uma nova fronteira do vinho está se abrindo no Brasil, graças ao fenômeno de evolução da dupla poda. Essas mudanças possibilitaram a produção de vinhos maravilhosos, dignos de Europa. E o clima é muito legal e propício, porque o inverno é grande. Ter uma amplitude térmica é importante, pois favorece a maturação fenólica. Os vinhos são surpreendentes e muito bons”.
Eduardo Viatti, editor da Revista Vinho Magazine e organizador de eventos em São Paulo
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“A experiência no Cerrado Mineiro foi bastante grata, com três dias de viagem e 190 quilômetros percorrendo Uberaba, Patrocínio, Patos de Minas e Serra do Salitre. Percebemos diversas culturas, a consolidação da cafeicultura de qualidade e paisagem incríveis. Em meio à vegetação típica do Cerrado Mineiro, diversas vinícolas despontam com projetos ousados e liderados por famílias. Degustamos diversos vinhos legais que se adaptaram ao terroir. Os produtores vão enfrentar inúmeros desafios, mas é uma trajetória que envolve um caminho longo e de muito futuro”
Nádia Alcalde, head sommelier de restaurantes e lojas de vinhos e colunista do jornal A Gazeta (Vitória)
“Estou no mundo do vinho há quase 20 anos e ver o desenvolvimento de uma região do zero é muito interessante. Vemos regiões da Europa com 100 anos de história. Aqui vemos todos começarem do início, pois ainda estão estruturando quais variedades de uvas plantar, de que jeito plantar, os perfis dos vinhos que vão ser engarrafados e até mesmo pragas que prejudicam as plantações. Desde as primeiras safras, vemos vinhos muito profissionais, mas ao mesmo tempo podem explorar qual a personalidade do produto.
Marcel Miwa, editor de vinhos da Revista Gula (São Paulo)
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“A simplicidade da região me surpreendeu muito. Os produtores têm a liberdade de criar vinhos diferentes, trazendo inovação. Todos valorizam o legado familiar, as gerações, a sustentabilidade e práticas agrícolas positivas. O que levo de positivo é esse processo de inovação que as vinícolas do Cerrado Mineiro estão implantando aos poucos. Os vinhos envolvem custos elevados e isso tornam os preços não-competitivos, mas toda a tecnologia envolvida pode ajudá-los a conquistar novos mercados”
Beatriz Valente, influenciadora digital
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“Não conhecíamos a produção de vinhos tão bons na região, com histórias muito inspiradoras. O que mais me surpreendeu foi ver o quanto as famílias de produtores são apaixonadas pelo trabalho. Eles investem, produzem e fazem tudo com o coração. A questão financeira é importante, mas todos se movem pela paixão aos vinhos. Todas as vinícolas têm enorme potencial para crescer, e o Brasil precisa conhecer a qualidade do Cerrado Mineiro”
Deise Remus, influenciadora digital de vinho e gastronomia e responsável pelo perfil Eu Amo Vinho (Instagram)
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“É uma ação pioneira ao trazer um grupo tão seleto de influenciadores a uma região que antes era pouco explorada. Vimos várias histórias de empreendedores corajosos, que mostraram a cordialidade e uma recepção de alto nível. Sabemos que não é fácil desenvolver vinhos de qualidade, alguns encorpados e completos e outros muito jovens. As uvas precisam adaptar um pouco às características da região, mas certamente vão evoluir nos próximos anos”
Wallace Neves, sommelier de vinhos
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