Cerca de 5,2 milhões de empreendedores vivem nas mais de 13,5 mil favelas de todo o Brasil, conforme dados de uma pesquisa divulgada pelo Data Favela em 2023. Garantir as ações mais eficientes que possam estimular a geração de novos empreendimentos é uma das propostas da ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, a mineira Macaé Evaristo, de 59 anos, que assumiu o cargo recentemente no Governo Federal.
Natural de São Gonçalo do Pará, no Centro-Oeste mineiro, a professora e assistente social esteve na sede do Sebrae Minas, em Belo Horizonte, para participar da Expofavela, feira de negócios e inovação com o propósito de dar visibilidade aos negócios das vilas e favelas e capacitar as pessoas que desejam abrir ou expandir seus empreendimentos. O evento é organizado pela Favela Holding e produzido pelo InFavela, com parceria social da Central Única das Favelas (Cufa) e do Sebrae Minas.
Macaé conversou com a Agência Sebrae de Notícias (ASN-MG) durante a feira.
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Eventos como a Expofavela são cruciais para dar voz às pessoas de baixa renda e estimular o empreendedorismo nas comunidades. Como a senhora enxerga esse crescimento dos pequenos negócios locais?
Esse olhar para a periferia e para a favela é extremamente importante. Durante muito tempo, as comunidades e os bairros mais operários foram vistos como “lugares da ausência” ou “da falta”. Mas precisamos entender que essa parcela da população tem muita sociabilidade, pessoas que são transformadoras e com potencial de crescimento. No âmbito do Ministério dos Direitos Humanos, temos muitas preocupações, principalmente a negação de direito a essas pessoas. Quando falamos de prosperidade, nos remetemos a trabalhos decentes e possibilidade dessas pessoas que têm seus pequenos negócios terem acesso aos financiamentos bancários. E isso é muito difícil esses créditos alcançarem esses empreendedores, infelizmente.
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Qual seria o caminho para que as dificuldades dos empreendedores sejam minimizadas? Como a senhora enxerga o papel do Sebrae Minas neste contexto?
É preciso que toda a estrutura seja pensada para que possamos potencializar esse auxílio a essas pessoas que têm seu negócio. Elas vêm fazendo sozinha. O mecanismo mais viável é a educação. O próprio Sebrae, que tem o Núcleo de Empreendedorismo Juvenil (NEJ), pode mobilizar ao formar alunos das comunidades, da periferia, para pensar e coordenar como podem colocar seus negócios à frente. Defendo que tenhamos políticas públicas de microcrédito e financiamentos a fundo perdido para que esses empreendedores possam alavancar os negócios.
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Como a senhora avalia os desafios à frente do Ministério dos Direitos Humano com relação às oportunidades de emprego e renda para as pessoas em situação de vulnerabilidade?
Estamos chegando no Governo agora e já enfrentando uma série de desafios para que possamos atingir um nível de desenvolvimento. Mas temos uma área contínua direcionada aos Direitos Humanos e às empresas. Ela é importante para que possamos avançar na agenda e as pessoas conseguirem manter seus empreendimentos de forma eficaz. Vamos nos esforçar para ajudar essas pessoas a se articularem, organizar seus próprios negócios. Precisamos de políticas públicas direcionadas às comunidades e parcerias com a iniciativa privada para que tudo isso possa funcionar bem.
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A senhora, então, sente que ainda estamos distantes na conquista dos Direitos Humanos de quem vive em comunidades, principalmente no acesso ao trabalho e à renda?
Quando pensamos em Direitos Humanos, falamos em dignidade. E não há dignidade sem trabalho decente ou se a pessoa não pode ter um projeto de vida, não tem condições básicas de existência. Pensar em trabalho e renda, por meio de ações concretas, é o primeiro passo para que as comunidades tenham voz e possam gerir seus negócios com dignidade.
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