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Mestres do artesanato: identidade, legado e transformação de vidas

Artesãs de Minas Gerais bordam histórias e inspiram nova geração de guardiões da arte. Apoio do Sebrae Minas contribui para valorização e perpetuação do ofício
Por Josiane Silveira
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O artesanato mineiro é um patrimônio cultural vivo que carrega a identidade de Minas Gerais em cada peça. No estado, cerca de 11 mil artesãos possuem registro profissional, enquanto, no Brasil, aproximadamente 8,5 milhões de pessoas vivem dessa arte. Segundo o IBGE, o setor movimenta 3% do PIB nacional, mostrando a força econômica e cultural dessa tradição. Para que o artesanato continue encantando gerações, o compartilhamento de conhecimento e habilidades é fundamental para garantir que o ofício não se perca com o tempo.

Para manter viva a tradição artesanal e impulsionar a economia criativa, o Sebrae Minas desenvolve ações que valorizam a identidade cultural e aprimoram a gestão dos negócios. Por meio de capacitações e estratégias de mercado, a instituição fortalece a produção artesanal, promovendo inovação e sustentabilidade.

“Os artesãos de Minas Gerais transformam matéria-prima em verdadeiras obras de arte, preservando um legado secular. É fundamental resgatar as origens, valorizar as tradições e capacitar os artesãos mineiros para que eles possam perpetuar seus ofícios”, pontua Priscilla Lins, gerente de agronegócios e artesanato do Sebrae Minas.

Compartilhando saberes e transformando vidas

Rose representando o Brasil no II Festival Internacional de Patrimônio Imaterial, em 2014, no Irã

Há 20 anos, Maria Rosecley Araújo Almeida, conhecida como Rose, transforma linhas coloridas em verdadeiras narrativas culturais. A artesã preserva o bordado tradicional do município mineiro de Chapada Gaúcha e tece uma rede de conhecimento, que já alcançou comunidades quilombolas, escolas e até o Irã, quando representou o Brasil no II Festival Internacional de Patrimônio Imaterial, em 2014, onde bordou cenas da Folia de Reis.

Neta e filha de artesãos, ela encontrou no bordado uma forma de expressar a identidade cultural de sua comunidade. Em 2005, participou de uma oficina de bordado que mudou seu caminho: aprendeu a técnica do bordado livre, que permite criar desenhos e narrativas únicas em cada peça. Hoje, ela repassa os seus saberes com maestria.

Mais do que ensinar pontos e técnicas, Rose compartilha histórias, sentimentos e memórias. “O bordado é uma terapia, uma transmissão de saber, de cultura. E ensinar não é só passar pontos. É deixar um pedaço da nossa história nas mãos de quem vai continuar. Quando vejo alguém que aprendeu comigo ensinando outras pessoas, sinto que deixei uma marca na vida dela. Enquanto houver pessoas curiosas, vou seguir ensinando e valorizando o nosso sertão por meio das linhas”, destaca Rose.

Entre seus alunos, há histórias inspiradoras, como a de uma professora de educação física que aprendeu a bordar com ela e hoje ensina a técnica para as crianças da escola onde trabalha. “Eu sei de muitas que aprenderam comigo e estão até hoje fazendo. É um orgulho danado!”, comemora.

Legado que se multiplica

Tereza Martins, de Bonfinópolis de Minas/MG

Em Bonfinópolis de Minas, um pequeno município no noroeste de Minas Gerais, Tereza José Martins borda não apenas fios e linhas, mas também histórias e sonhos. Aos 50 anos, ela se tornou um símbolo de tradição, perpetuando uma arte que transforma vidas e conecta culturas.

Desde que aprendeu a bordar, em 2007, transformou sua paixão em sustento e inspiração para outras mulheres. Suas mãos habilidosas produzem capas de almofada, travesseirinhos de pescoço, saquinhos para guardar bijuterias e tampas para caixas de buriti.

O talento de Tereza não ficou restrito às suas próprias criações. Desde 2013, ela compartilha seu conhecimento com outras mulheres, ensinando técnicas de bordado. Foram inúmeros cursos ministrados em diversas localidades. “Passar para as pessoas aquilo que eu sei, que eu aprendi, é muito gratificante. Muitas alunas seguiram na carreira e hoje são minhas colegas de trabalho”, conta com orgulho.

Mesmo após enfrentar um acidente que reduziu seu ritmo de produção, Tereza segue firme em sua missão de ensinar. Recentemente, iniciou mais um curso, com duração de três meses, oferecendo três horas semanais de aprendizado para um novo grupo de alunas. Para ela, a satisfação de ver outras mulheres conquistando espaço e valorizando o bordado é o maior reconhecimento de sua trajetória.

Sebrae Minas: o fio que liga arte e sustento
O apoio do Sebrae Minas foi fundamental para transformar o bordado em valorização da cultura local e ferramenta de geração de renda. Rose participou de cursos, oficinas e mentorias oferecidos pela instituição, além de projetos como Identidade e Origem, que a levou a intercâmbios no Vale do Jequitinhonha e a feiras nacionais.

“Eles me mostraram que meu trabalho tem valor econômico, não só cultural. O que aprendi mudou completamente minha forma de enxergar o trabalho, o potencial e a importância que ele tem para mim e para a nossa comunidade. Com o apoio de parceiros, como o Sebrae, o legado do bordado mineiro continua atravessando gerações e fortalecendo comunidades inteiras”, afirma Rose.

A instituição também é parceira de Tereza, possibilitando capacitações e participação em feiras e viagens, que promovem visibilidade e oportunidades de aprendizado e intercâmbio cultural. “Meu trabalho é apreciado por públicos diversos e o bordado não é apenas uma fonte de renda, mas um instrumento de transformação social. Com o apoio do Sebrae, entendi melhor isso”, conta.

Tanto Rose como Tereza fazem parte da Central Veredas, uma rede solidária formada por 8 núcleos produtivos distribuídos nos municípios no noroeste de Minas Gerais. Com o apoio do Sebrae e de outros parceiros, a Central vem desenvolvendo um trabalho de valorização da tradição e do repasse de fazeres e saberes.

Preservação do artesanato mineiro
O Programa Identidade e Origem, do Sebrae Minas, é um conjunto de iniciativas que objetivam promover o desenvolvimento dos territórios por meio de uma estratégia de diferenciação baseada na origem. Esses projetos têm sido incentivados pela instituição em regiões com vocação econômica definida, como o Vale do Jequitinhonha e o Urucuia Grande Sertão Veredas. Nas duas experiências, a metodologia gerou resultados além da venda do artesanato e alcançado algo mais sustentável.

“Trabalhar com o artesanato sob essa perspectiva gera valor e constrói uma diferenciação relevante em termos de competitividades dos negócios. Ao mesmo tempo, gera um movimento dentro do território, por meio do senso de pertencimento que move os seus atores na direção de mudanças positivas que levam ao desenvolvimento”, explica Priscilla Lins, gerente de agronegócios e artesanato do Sebrae Minas.

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