Foi dada a largada para a 5ª edição do Festival do Queijo Artesanal de Minas, no Expominas, nesta quinta-feira (8/6), em Belo Horizonte. Com a presença de cerca de 5 mil visitantes, o primeiro dia de atrações contou com agendas técnicas, oficinas de harmonização e com a participação de 50 produtores de 11 regiões de todo o estado. Realizado pelo Sebrae Minas e pelo Sistema Faemg Senar, o festival tem o objetivo de valorizar o setor, promovendo a gastronomia local, fortalecendo a economia e o turismo regional. O evento também é uma oportunidade para que os visitantes conheçam mais sobre a cultura, tradições e sabores de Minas Gerais.
O Festival do Queijo Artesanal de Minas vai até este sábado (10/6) e tem uma programação completa para toda família, com espaço gastronômico, atrações musicais, espaço kids e muito queijo para degustar, além de outros produtos, como doces, geleias, azeite e méis produzidos em Minas Gerais e que harmonizam com a iguaria.

A abertura do evento contou com a presença do subsecretário de Política e Economia Agropecuária do Estado de Minas Gerais, Caio Coimbra, do presidente do Sistema Faemg Senar, Antônio Pitangui de Salvio, do presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas, Marcelo de Souza e Silva e do presidente da Associação Mineira dos Produtores de Queijo Artesanal (Amiqueijo), José Ricardo Ozólio.
Antônio Pitangui destacou que as ações da entidade atingem mais de 810 municípios no estado, com programas como a Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) Agroindústria, que ensina, treina e qualifica os produtores, trazendo novidade, inovação, renda e geração de empregos para as aqueles que trabalham pelo desenvolvimento no Estado. “Minas Gerais continua avançando, pois o queijo mineiro virou queijo de excelência. São muitas regiões, diferentes sabores, mas todos eles de excelente qualidade, mostrando o quão resiliente somos. Vamos continuar avançando, respeitando as questões ambientais, trabalhistas e mostrando cada vez mais nossa cara, porque o que sabemos fazer é produzir, gerar emprego e renda, fazer a economia rodar. Estamos fazendo isso de forma muito mais parceira, com comércio, indústria, agro, cooperativas e nosso governo”, destacou.
Por sua vez, o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas, Marcelo de Souza e Silva, destacou a importância da instituição na gestão das fazendas e na organização da base produtiva dos queijos artesanais. “O Sebrae Minas vai na porta do produtor de queijo, e mais: se necessário, vai da porteira para dentro também para apoiar e ensinar como aprimorar a sua produção e o seu queijo e ter um resultado melhor. Isso ajuda o produtor a ter uma conexão com seu empreendimento”, explica Marcelo.
Ele também ressaltou a importância do evento para o setor. “Teremos no festival mais de duas toneladas e meia de queijos para serem comercializados, degustados e consumidos. Aqui é uma feira de negócios, com oportunidade de venda direta aos visitantes e também uma chance de os comerciantes conhecerem os produtores e fecharem negócio. Essa engrenagem girando incide principalmente na melhoria de renda dos empreendedores, das famílias e da empregabilidade”, afirmou.
Representante do governador Romeu Zema, o subsecretário de Política e Economia Agropecuária, Caio Coimbra, citou os desafios do Estado para o setor. “Precisamos levar para as cidades o processo de regularização do queijo artesanal, ajudar e dar apoio aos produtores e queijarias. O queijo é um patrimônio de Minas, gerador de emprego e renda e agrega valor a cadeia e traz desenvolvimento que é foco do governo”, finalizou.
Programação técnica do primeiro dia
Durante o primeiro dia do festival, foram realizados seminários técnicos para aprimorar conhecimentos e discutir sobre o setor para os técnicos do programa ATeG Agroindústria e produtores. Inicialmente, aconteceu a reunião técnica de Pecuária do Leite e o 6º encontro regional do Conseleite, com discussão de temas relevantes para o setor. Em seguida, ocorreu o 1º Encontro Técnico e ATeG Balde Cheio e a 2ª premiação do ATeG Balde Cheio, que rendeu premiação a diversos visitantes.

O programa ATeG Agroindústria oferece capacitação técnica e acompanhamento personalizado aos produtores de queijo, com o objetivo de melhorar a qualidade dos produtos e aumentar a competitividade no mercado. Os técnicos do ATeG Agroindústria trabalham diretamente com os produtores, orientando sobre as melhores práticas de higiene e segurança alimentar, manejo do gado, cuidados com o meio ambiente e outras questões importantes para a produção de queijos de alta qualidade.
Os seminários são uma oportunidade de troca de informações e de discussão entre os participantes sobre a cadeia produtiva dos queijos artesanais, contribuindo para o fortalecimento e crescimento do setor de queijos artesanais em Minas Gerais.
Sabores e conhecimento: por dentro das oficinas
Um dos destaques do primeiro dia de evento foram as oficinas de harmonização de queijo. Com a curadoria de Eduardo Girão, jornalista e um dos grandes especialistas em queijo do Brasil, as oficinas foram sucesso de público, com salas cheias nas duas palestras do primeiro dia.
Na oficina “Quem é quem dos queijos mineiros”, a especialista Catarina Pena, do Senar, explicou sobre as particularidades do Queijo Minas Artesanal (QMA) e do Queijo Artesanal de Minas (QAM). “O QMA é um dos tipos de queijos artesanais existentes no estado e é produzido, manualmente, com a massa crua, sem aquecimento, sal grosso por cima e o pingo (fermento lácteo natural), no processo que depois foi se multiplicando por regiões. Existem outros tipos de queijos artesanais em Minas como o Alagoa e Mantiqueira de Minas, que têm uma origem no conhecimento adquirido com a vinda de italianos nessas regiões, que utilizavam o soro fermentado no lugar do pingo, o cozimento da massa, alguns usavam a prensa, entre outras diferenciações no processo”, informa Catarina.

Hoje existem 15 regiões produtoras de queijo, sendo todas consideradas QAM e, entre elas, dez são também QMA. A especialista apresentou todas elas e explicou sobre as diferenças dos queijos produzidos em cada local.
Catarina também destacou como a tipografia, a tradição, a raça e alimentação do animal, entre outros fatores, influenciam nos sabores e na percepção sensorial pelos apreciadores. “É o pingo que traz, principalmente, a principal diferença. Os queijos artesanais de leite cru é uma tela em branco e tem sempre uma surpresa. É como o vinho, pois, se consumirmos em épocas diferentes, nunca será igual. É isso que encanta a gente”, ressalta.
Na segunda oficina do dia, “Além do Romeu e Julieta”, Eduardo Girão trouxe as combinações entre queijos e doces, além de outras dicas valiosas para impressionar os mais diversos paladares. A degustação aconteceu em 4 tempos, com experiências que incluíram mel, doce de leite, doce cremoso de jabuticaba e chocolate com maracujá. Girão explicou sobre a importância das proporções ideais para a criação do “terceiro sabor”. “Com informação, o público passa a consumir mais e melhor, porque ele aprende a escolher e reconhecer um bom queijo e tirar o máximo proveito dele na hora de degustar em casa, com a família e os amigos”, destaca o especialista.

A gastrônoma e empreendedora, Alana Vieira, participou das duas oficinas. Ela, que realiza eventos e é proprietária de uma empresa que produz de tábuas de frios, buscou se capacitar sobre os queijos mineiros para utilizar essa iguaria como matéria-prima na sua produção. “Quero trazer um diferencial para o meu cliente, sair da rota dos queijos franceses e oferecer o nosso produto, valorizar a nossa região, nossa cultura.” Ela ainda aproveitou o evento para conhecer fornecedores e volta no sábado para a oficina de harmonização com vinhos.
As oficinas continuam durante todos os dias de evento e as vagas são limitadas. Quem ainda não se inscreveu, pode fazer pelo site https://www.hbatools.com.br/__1342. O valor é de R$ 50, cada. “Vender queijo hoje” e “Conservar e maturar em casa” são os temas de sexta-feira (9). Para finalizar, “Queijo Minas Artesanal de Casca Florida” e “Queijos e vinhos de Minas” são as palestras de sábado (10).

