Logo depois do nascimento do filho Guto, Dayliane Magalhães enfrentou uma nova gestação. Mas, dessa vez, nascia a ideia de negócio. Ela dividia nas redes sociais a rotina dos primeiros dias de vida do filho. “As fotos em que o Guto aparecia com pijamas feitos pela avó chamavam a atenção, e muitas pessoas me procuravam. Queriam comprar o pijaminha. Foi quando percebi que era uma possibilidade de empreender”, conta.
Dayliane estava grávida quando perdeu o emprego, no início da pandemia. Para pagar as despesas médicas com o parto e o pré-natal, ela iniciou com a mãe a confecção de 16 mil máscaras para empresas de Araxá e região. Mas a venda de máscaras era uma necessidade temporária do mercado, foi na produção de pijamas que ela encontrou uma fonte de renda para sustentar a família. O negócio evoluiu e, hoje, ela já tem uma loja física e faz vendas por atacado desde o tamanho recém-nascido até o plus size.
Assim como Dayliane, sete a cada dez mães empreendedoras de Minas Gerais abriram a empresa depois de terem filhos. E para 63% das mulheres, a maternidade influenciou na decisão de empreender, principalmente em função da busca de autonomia e flexibilidade de horários (67%), além da necessidade de aumentar a renda familiar (63%).
Os dados são da Pesquisa Maternidade e Paternidade no Empreendedorismo, realizada pelo Sebrae Minas em abril deste ano, com 1.326 empreendedores, entre os quais 973 (73%) têm filhos: 287 mães e 686 pais. “A pesquisa nos permite investigar semelhanças e diferenças entre mães e pais empreendedores, tanto no que se refere a motivações para abrir o negócio, quanto em relação aos desafios em conciliar os cuidados com os filhos, as tarefas domésticas e a dedicação ao negócio”, explica o diretor Técnico do Sebrae Minas, Douglas Cabido.
Divisão das tarefas domésticas
O estudo mostra que a maioria das mães empreendedoras (85%) dedica mais tempo aos cuidados da casa e dos filhos, contra 25% dos pais empreendedores. “Os dados confirmam que as mulheres continuam sendo mais responsabilizadas do que os homens no que se refere às tarefas domésticas e à criação dos filhos”, destaca Cabido. Um exemplo do desequilíbrio é o número de dias da semana em que pais e mães dedicam-se a preparar a alimentação da família: 60% das mães afirmam ter essa rotina diariamente, enquanto entre os pais a proporção cai para 28%.
Para Viviane Gervásio o desejo de empreender nasceu junto com a maternidade. Ela trabalhava no setor de hotelaria em Uberlândia, gostava da rotina de trabalho, mas desejava ter mais tempo perto dos filhos. Ao engravidar e amamentar, precisou abandonar a química que utilizava para alisar os cabelos. “Aprendi e desenvolvi técnicas para cuidar dos meus cachos, sem imaginar que aquele conhecimento mudaria o rumo da minha vida. Aos poucos, comecei a cuidar do cabelo de outras mulheres. Agora sou empresária, cabeleireira e mãe”, conta Viviane. Ela se tornou referência em tratamento de cabelos naturais e encontrou um caminho para conciliar a vida profissional com a criação dos filhos.
Tarefas rotineiras como o apoio nas atividades escolares e os cuidados com a higiene dos filhos também são assumidas mais pelas mães do que pelos pais. “Muitas mulheres empreendem para conseguir independência financeira, ao mesmo tempo em que realizam o sonho da maternidade. Contudo, para que tenham sucesso em seus negócios, é necessário que elas contem com uma rede de apoio. Familiares, creches e iniciativas que possibilitem mais oportunidades para que as mães possam se dedicar ao desenvolvimento de suas habilidades e competências são essenciais para garantir a inserção feminina no empreendedorismo”, afirma Douglas Cabido.
Renata Lima não tinha essa rede de apoio para conciliar a vida profissional com a criação dos filhos. Ela trabalhava com o marido na produção de carvão no Piauí. Quando o filho mais velho nasceu foi preciso largar tudo e voltar para Uberaba. Foi aí que ela decidiu empreender no ramo da moda. “Ao me tornar empresária eu pude voltar a ter uma carreira sem precisar abandonar a criação dos meus filhos. Tenho horários flexíveis e posso organizar a minha rotina com base no horário das crianças”, explica Renata.
Perfil das famílias
A pesquisa do Sebrae Minas também traz um panorama da composição das famílias dos empreendedores. Oito em cada 10 pais empreendedores são casados. Entre as mães, 67% são casadas. O percentual de pais e mães empreendedores separados ou divorciados é de 11%. Há um percentual maior de mães solteiras (18%) e viúvas (3%) do que de pais solteiros (9%) e viúvos (1%).
Assessoria de Imprensa | Prefácio Comunicação
Vanessa Braga – (34) 99903 8603
[email protected]