Inovação e geração Z foi o tema da palestra de Isabela Matte, de 25 anos, uma das atrações do segundo dia do E-Festival, o maior evento de empreendedorismo do estado. A empresária, autora do livro “O Jovem Digital”, subiu ao palco evento e abordou questões importantes sobre o mundo virtual e a geração Z, as oportunidades para os jovens que querem empreender e os desafios para as empresas que desejam reter talentos.
Isabela Matte iniciou sua jornada empreendedora muito cedo. Com apenas 12 anos, criou a sua própria marca de roupas, e, aos 14, já acumulava o seu primeiro milhão. Em 2019, entrou para a lista de empreendedores Forbes Under 30. Desde então, tornou-se influenciadora digital e vem ampliando cada vez mais a sua atuação na internet com a Isabela Matte Academy, empresa especializada em conteúdo para empreendedorismo, e com a sua mentoria de negócios.
Confira, a seguir, a entrevista exclusiva para a Agência Sebrae de Notícias (ASN-MG):
ASN-MG: Cerca de 8 milhões de jovens brasileiros com idade entre 18 e 24 anos estão à frente de seus negócios, segundo pesquisa do Monitor Global de Empreendedorismo. Esta tendência reflete o desejo crescente desses jovens por autonomia e inovação no mercado de trabalho?
Isabela Matte: O que eu percebo é que as novas gerações têm um referencial muito novo do que é carreira e trabalho. Então a gente sabe que é possível fazer carreira, ter uma profissão e ganhar dinheiro sem necessariamente passar pelo caminho tradicional, como acontecia com os nossos pais e avós. A globalização e a internet possibilitaram isso. Talvez essas pessoas não seriam empreendedoras se elas não tivessem a oportunidade de saber que esse era um caminho possível para elas.
Então eu acho que isso reflete essa vontade de ter mais liberdade e flexibilidade, de ter mais autonomia no trabalho. Ter mais voz também, poder de escolha.
ASN-MG: E quais os desafios para os jovens que desejam empreender?
I.M.: Esses jovens precisam entender que, apesar de não estarem seguindo o caminho tradicional, eles precisam estudar e se capacitar. Eu vejo muitos jovens dizendo que vão empreender, morar fora do Brasil, ter liberdade, mas eles não estão preocupados em como profissionalizar o negócio. Empreender não é um mar de rosas. Quando você tem um negócio, ele depende só de você. Por um lado é bom, mas por outro não, pois exige muito de você. Então o meu conselho é: estude muito, se capacite, tenha responsabilidade para fazer o seu negócio dar certo de fato.
ASN-MG: Como empreendedora que criou uma marca de roupas aos 12 anos, quais conselhos você dá aos jovens da geração Z que desejam empreender?
I.M.: Eu recebo muitas perguntas sobre empreendedorismo e vejo muitos jovens perguntando: qual negócio dá mais dinheiro? E obviamente não existe uma resposta para isso. O que eles precisam ter em mente é que o negócio tem que nascer a partir de uma necessidade de um grupo específico de pessoas, para sanar alguma dor ou necessidade. Além disso, você tem que entender sobre aquilo e ser bom naquilo. Então um desafio é saber por onde começar e qual o melhor caminho. Tem muitos jovens por aí se desiludindo com negócios, porque simplesmente começaram errado.
ASN-MG: Quais os desafios para as grandes empresas que desejam atrair e reter essa nova geração para o seu quadro de funcionários?
I.M.: Acho que uma coisa que está acontecendo muito no mundo corporativo é a dificuldade de atrair os jovens em duas frentes. Em primeiro lugar para dentro das empresas, para fazerem uma carreira e não ficarem “só um tempinho”, e em segundo lugar, como consumidores. Tem muita empresa que ainda não entendeu que o jogo mudou e, se você não está produzindo conteúdo para o TikTok, por exemplo, que é onde o jovem está, você está perdendo relevância para outras marcas. Então as empresas precisam entender onde os jovens estão e qual língua eles falam.
E quando pensamos em reter os jovens nas empresas, o que eu percebo que acontece muito é o conflito intergeracional, ao invés de uma cooperação intergeracional. Ou seja, a gente vê pessoas mais jovens que não querem aprender com os mais velhos, ou pessoas mais velhas que não aceitam se relacionar com os mais jovens, e isso gera um conflito. Eu sempre busco ouvir, pedir conselhos, me inspirar nas pessoas mais experientes. E eu acho que é isso que falta. Essa cooperação intergeracional faz bem para todo mundo. Ela traz jovialidade para as gerações mais antigas e traz sabedoria para as gerações que estão chegando agora.
ASN-MG: Qual mensagem final você deixa aos jovens da geração Z que desejam empreender?
I.M.: Empreender não é fácil, existem muitas dificuldades, mas foquem no digital. O digital potencializa, abre oportunidades, te ajuda a expandir. A sua mensagem pode chegar a muitas pessoas, você pode escalar o seu negócio e a sua margem de lucro. Mas ao mesmo tempo, com tantas redes sociais e tanta informação circulando, precisamos estar atentos ao que ouvimos, às pessoas que seguimos. Não se compare com todo mundo, não compare a sua jornada com a de outras pessoas. Escolha bem qual caminho seguir, trace a sua estratégia e se concentre em fazer o seu negócio crescer.
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