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E-Festival: ex-goleiro Follmann fala sobre superação após queda do avião da Chapecoense em 2016

Hoje com 33 anos, sobrevivente na tragédia foi uma das atrações do primeiro dia do evento do Sebrae Minas ao refletir sobre a resiliência
Por Roger Dias
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Natural de Alecrim, cidade do Rio Grande do Sul com 5,7 mil habitantes, Jakson Follmann tinha apenas 24 anos quando viu sua trajetória no futebol sofrer uma reviravolta que mudaria sua vida para sempre. O então promissor goleiro, que teve seu nome cotado para defender o América e o Atlético Mineiro, foi um dos sobreviventes do trágico acidente aéreo da Lamia que vitimou dirigentes, comissão técnica e jogadores da Chapecoense na Colômbia, em 2016, antes da final da Copa Sul-Americana, diante do Atlético Nacional. Follmann amputou parte da perna direita e teve de buscar rumos diferentes e uma nova carreira. Tornou-se cantor e palestrante motivacional.

O ex-jogador passou a percorrer vários estados do país difundindo sua história de superação. Também se aventurou no mundo da música ao vencer a terceira temporada do programa Popstar, da Rede Globo. Follmann também escreveu trechos do livro “O futuro me reserva gratidão”, do jornalista Rafael Henzel – também sobrevivente do acidente aéreo e morto em 2019 depois de sofrer um infarto -, que detalha as consequências do acidente, sua recuperação e busca de novos caminhos.

Segundo Follmann, se reinventar é o primeiro passo para que as pessoas possam atingir os objetivos, seja ao traçar uma carreira ou ingressar no mundo do empreendedorismo. Um dos convidados da quinta edição do E-Festival Sebrae, que acontece no Minascentro nesta quarta (25) e quinta-feira (26), o ex-goleiro conversou com a Agência Sebrae de Notícias (ASN-MG) sobre sua nova fase e os desafios da resiliência.

ASN: Diante de todos os momentos que você viveu nos últimos nove anos, como sua saga pode ajudar os empreendedores a vencerem cada obstáculo?

Jakson Follmann: Nossa vida é feita de propósitos e, hoje, o meu é estar nos palcos contando minha história e acrescentando algo de positivo na vida de outras pessoas. Esse é o meu foco. Eu me aposentei com 24 anos e tive que encerrar minha carreira no meu melhor momento profissional. Tinha pelo menos mais 14 ou 15 anos podendo jogar em alto nível. Mas o acidente também abriu um leque de outras possibilidades e situações. Abracei com unhas e dentes cada chance que eu recebi. Vivemos hoje uma correria, pois toda semana viajamos para todos os estados do Brasil. Sou uma pessoa extremamente realizada por tudo o que eu faço. Meu foco é trazer um pouco de paz e esperança para todos que nos acompanha.

ASN: Uma de suas características principais é a versatilidade. Você faz palestras, canta, participa de programas, escreve livros e até brinca de jogar futebol com seus amigos. Ser empreendedor também exige várias habilidades e, ao mesmo tempo, e vencer cada obstáculo com dignidade. É por aí que os objetivos começam a ser traçados com êxito?

J.F.: Não é porque uma dificuldade apareceu na sua vida que você tem de ficar no fundo do poço. Minha história é focada na reconstrução, mas podemos sempre priorizar sempre o lado positivo das coisas. Cada um passa por seus perrengues, mas a vida tem suas tristezas e alegrias. Procuro estar sempre falando verdades, mas trago leveza para as coisas. Também sou alto astral e procuro trazer sempre isso para minhas palestras. Encarar tudo de peito aberto e sempre procurando melhorar em cada aspecto.

ASN: Quando começou exatamente sua vontade de empreender?

J.F.: A carreira de jogador é muito curta e você precisa estar preparado. O atleta fica de 15 a 18 anos atuando e tudo passa muito rápido. Minha preocupação sempre era: “Não posso esperar eu me aposentar para querer fazer algo”. Sempre tive aquela preocupação de estudar, saber de coisas novas, seguir alguns empreendedores para ver novas possibilidades e até conversar com ex-jogadores. O lado positivo de tudo isso é que tem muitos ex-atletas que me procuram para saber novas possibilidades, embora minha carreira tenha sido encerrada de uma forma diferente. Não estava preparado para encerrá-la precocemente. Mas precisei fortalecer minha mente e miná-la de informações boas e construtivas. Tinha muitas outras prioridades, como focar na minha vida e na minha recuperação, ter uma vida normal, voltar a andar e ser útil. O empreendedorismo veio somente mais tarde. Mas estava bem calçado em minha mente, com novos conhecimentos. Ninguém tira isso da gente. É esse lado que eu vejo.

ASN: Uma carreira de jogador é muito curta, pois muitos se aposentam antes dos 40 anos e precisam de nova rentabilidade. Quais são as principais dificuldades enfrentadas e como se preparar para isso?

J.F.: A maioria dos atletas de clubes das Séries A e B ganha bons salários. Na cabeça dele, eles acham que vão continuam ganhando o mesmo valor e não é isso. Muitos veem o futebol como glamour e não enxergam as dificuldades. Já joguei com muitos atletas na URT que tinham três meses de contrato e precisavam complementar a renda trabalhando como servente de pedreiro. Por isso, é preciso estar preparado e adquirir novos conhecimentos nessa nova fase. Mesmo aqueles que ganharam bom dinheiro precisaram se capacitar. No meu caso, a minha principal renda vem das palestras. Tenho projetos na música, faço parte de um banco digital 100% voltado para o PCD e também trabalho com minha imagem nas redes. Procurei entender o valor de minha imagem e hoje as coisas caminham bem.

ASN: Qual é o papel de eventos como o E-Festival para inspirar os empreendedores a terem insights importantes em seus negócios?

J.F.: Temos um evento muito inspirador, que ajuda as pessoas a olharem para si próprias, enxergarem suas virtudes e reunirem suas principais qualidades para colocarem suas melhores ideias em ação. Trazemos para cá uma história real, inspiradora, mas que é de reconstrução e superação. Passamos recentemente por uma pandemia, em que muitas pessoas foram obrigadas a se reinventar para sobreviver. Para essa galera jovem que está empreendendo desde cedo, tudo é um desafio enorme. Apesar de algumas dificuldades, existe aquela situação que podemos encarar de peito aberto, fazer algo novo da melhor maneira possível.

ASN: Quais motivações as pessoas precisam ter para colocar suas ideias em prática?

J.F.: As palavras-chaves são desconstrução, reconstrução e paciência. Precisamos ter calma na tomada de decisões e manter a confiança. Será que precisamos esperar um avião cair para reinventarmos e fazer o que precisa ser feito? Temos de ser gratos por ter nossas vida e saúde em dia. A vida é feita de ciclos e, no futebol, o meu teve um fim triste. Mas nem sempre sabemos o que vai acontecer com a gente. É preciso escrever nossa história dentro do nosso trabalho e lutar sempre.

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