O segundo dia da 9ª edição da MAX – Minas Gerais Audiovisual, realizado pelo Sebrae Minas, trouxe diversas discussões e temas relevantes para o setor. Um dos painéis realizados nesta quarta-feira, dia 13, foi sobre as “Perspectivas para a animação brasileira – da TV para o digital” e abordou as oportunidades para animação no ambiente digital, especialmente no Youtube, onde atinge números expressivos e expande fronteiras ao ser consumida globalmente.
O painel teve a participação de Aline Belli, produtora executiva da Belli Studio; Clarissa Orberg, head de parcerias de conteúdo para educação, saúde e entretenimento infantil do Youtube; Igor Bastos, fundador da Espacial Filmes; e Patrick Bruha, agente de negócios internacionais da TV Pinguim, responsável pelo Show da Luna. O bate-papo foi mediado por Reynaldo Marchesini, fundador e produtor criativo executivo da Flamma.
Em conversa exclusiva com a Agência Sebrae de Notícias (ASN), Clarissa Orberg detalhou as oportunidades que o Youtube proporciona, principalmente para os pequenos produtores independentes de animação infantil. O aplicativo YouTube Kids e o projeto YouTube Edu são exemplos de conteúdo seguro, educativo e divertido para as famílias.
“Criar conteúdo para crianças é um presente, mas também é uma responsabilidade extraordinária”, enfatiza.
ASN: O ambiente digital tem permitido que a animação brasileira alcance públicos maiores e mais diversos. Como o Youtube tem contribuído para essa expansão?
C.O.: O Youtube é uma plataforma completamente aberta e acessível. Qualquer pessoa pode postar um conteúdo e não há barreiras para quem é produtor do audiovisual. Além disso, é uma plataforma global, então, todos os espectadores que estão ao redor do mundo acessam o conteúdo que está sendo produzido, por exemplo, por um produtor brasileiro. Então, não tem barreira nem para entrar na plataforma nem uma barreira geográfica para o conteúdo ser assistido. Isso pode ser uma grande vitrine para quem está produzindo e publicando conteúdo no Youtube.
ASN: Quais mudanças significativas você notou na forma como o conteúdo infantil brasileiro, especialmente as animações, é produzido e distribuído no ambiente digital?
C.O.: O que a gente vê é que, não necessariamente, as animações com maior custo de produção são as que dão mais certo. É importante ter uma conexão com o público e ir adaptando conforme a resposta desse público. O Youtube é uma plataforma que permite que os produtores de conteúdo tenham acesso a muitos dados, que os ajudam a entender o que está dando mais certo e o que está dando menos certo. Assim, é possível adaptar a produção conforme ela for acontecendo e ter mais assertividade no que está sendo produzido para determinado público.
ASN: Quais são as principais tendências que você enxerga para o futuro das animações infantis no digital e como os pequenos produtores independentes podem se preparar para aproveitar essas oportunidades?
C.O.: A gente está vendo que com a chegada do Youtube Shorts, alguns produtores estão explorando novos conteúdos e testando coisas diferentes, porque é um formato mais curto, rápido de ser produzido e que permite postagens muito rápidas. O Youtube Shorts foi lançado com a duração máxima de 60 segundos, mas em outubro deste ano expandimos para até 3 minutos. Dá para contar histórias mais profundas dentro desse espaço de tempo. Então, é uma maneira muito legal dos produtores testarem novas ideias e entender se funcionam ou não. Isso ajuda a produzir conteúdo mais longo, que pode ser consumido no Youtube Kids ou na TV.
ASN: A televisão sempre foi um grande palco para as animações brasileiras. Quais são as vantagens e desafios da migração para o digital em relação ao engajamento e ao alcance das produções, principalmente as produções independentes?
C.O.: A principal vantagem é a falta de barreiras para colocar o conteúdo no ar e imediatamente já entender quem está assistindo. Para estar numa televisão, por exemplo, você precisa ter bons relacionamentos, contatos certos, um projeto legal que alguém goste e aprove. No Youtube não. Você pode colocar o conteúdo no ar e ir verificando qual é a aprovação do público final. Outra vantagem é poder ser assistido de qualquer lugar do mundo.
Um desafio de produção para o Youtube é que o conteúdo precisa estar pronto. É uma maneira diferente de produzir, quando comparado a um produtor de audiovisual que precisa negociar uma série para uma TV ou um canal a cabo. A ordem dos fatores é um pouco diferente. A gente precisa do conteúdo pronto para começar a distribuir, sem a negociação de aportar recursos para a produção ser realizada e só depois o conteúdo ir ao ar.
ASN: Qual conselho você daria para produtores independentes que desejam entrar ou expandir suas produções no ambiente digital? Há algum aspecto particular que eles devem ter em mente para alcançar relevância e viabilidade financeira?
C.O.: O meu principal conselho é testar. O Youtube não precisa que a série toda esteja pronta, os conteúdos tenham a mesma duração, sejam sempre do mesmo formato. Às vezes, com um teaser ou um trailer você já pode colocar na plataforma e entender um pouco do que aquilo resulta, para quem está chegando. Não precisa esperar a temporada ficar pronta, todos os episódios ficarem prontos. Não deixe de testar e procurar os recursos do Youtube que ajudam quem está começando. Temos muitas dicas interessantes, como o canal do Youtube Criadores, que dá insights para quem está começando e que não tem ainda todo o conhecimento da plataforma.
Sobre a MAX
Desde 2016, a MAX é considerada o maior evento de Minas Gerais e um dos eventos mais relevantes do Brasil com foco no mercado audiovisual. Seus pontos fortes são mediar os encontros entre produtores e exibidores, além de debates sobre o futuro do setor. É considerado o maior salão de negócios mineiro, inteiramente dedicado à promoção de agentes econômicos da indústria audiovisual.
A realização do evento pelo Sebrae Minas tem o objetivo de fomentar a indústria de produção de conteúdo para mídia e entretenimento, ampliar a geração de negócios do audiovisual e aumentar a competitividade dos empreendimentos, por meio de qualificação técnica. A curadoria da MAX é feita pela BRAVI – Brasil Audiovisual Independente, associação que reúne 670 empresas produtoras do país.
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