Unir experiências internacionais e nacionais em busca de soluções para que o poder público seja hábil e ágil para atender às demandas dos cidadãos. Esse foi o objetivo do painel ‘Cidades Inteligentes’, realizado na manhã desta quarta-feira (22/11), no Delta Forum 2023. O principal exemplo apresentado ao público do evento veio de longe, mais precisamente da Estônia, pequeno país situado no Leste europeu.
Raimond Tamm, um dos painelistas, atuou como deputado e vice-prefeito de Tartu, segunda maior cidade do país, com pouco mais de 100 mil habitantes. Lá, segundo ele, o governo municipal investe, desde 2003, em uma gestão que privilegia a criação de uma “cidade digital” que facilita a vida dos moradores por meio da desburocratização dos serviços públicos, desde um serviço simples de emissão do documento de identidade à matrícula em escolas.
“O gestor público tem que atender à população e, basicamente, o que as pessoas querem é obter serviços melhores, mais ágeis, de forma descomplicada, efetiva. Ninguém quer perder tempo. Por isso investimos em uma cidade digital em que os serviços são eficientes, rápidos, sem papel. Cerca de 95% dos serviços oferecidos pela prefeitura de Tartu são digitalizados e sem burocracia”, conta.
Para Raimond, o poder público tem que atuar baseado no tripé comunicação-consulta-participação, buscando o engajamento de todos na construção de um ambiente amigável tanto para as pessoas quanto para os empreendedores. “A participação dos moradores é o carro-chefe. E uma ideia que aplicamos lá em Tartu nasceu exatamente aqui, em Belo Horizonte, que é o Orçamento Participativo, em que o cidadão é convidado a participar da gestão e dar feedback sobre as prioridades dos investimentos sociais, seja em tecnologia, em cultura, em facilitação de bom ambiente para empreendimentos e preservação ambiental”.
Paulo Uebel, um dos autores da Lei de Liberdade Econômica no Brasil e gestor público com atuação na prefeitura de São Paulo e na Secretaria de Desburocratização do Ministério da Economia, também participou do painel. Para ele, “uma cidade inteligente tem que investir em tecnologia, mas antes da tecnologia, tem que pensar em como garantir melhores condições para que os cidadãos realizem seus sonhos, cuidem de suas famílias, possuam uma vida tranquila, feliz e longeva. A tecnologia é um meio para se alcançar um fim. A cidade inteligente tem que ser cidadã e abrir espaço para que se crie um ambiente de negócio seguro, moderno, transformador, que produza estabilidade para quem investe e gera emprego”.