“Qual o primeiro ingrediente que se põe na panela? O amor”. Com esta premissa, Maria Lúcia Clementino Nunes, a “Dona Lucinha”, fundadora de uma rede de restaurantes em Belo Horizonte e São Paulo, criou seus 11 filhos e construiu seu legado na gastronomia. Falecida em 2019, aos 86 anos, ela ainda complementava: “Depois do amor, é preciso compreender que nenhum ingrediente vai ao fogo por acaso. Cada um tem sua história, sua lembrança”.
Seguindo seus conselhos, a filha Elzinha Nunes dá sequência ao que foi construído por Dona Lucinha, na cidade do Serro, região do Vale do Jequitinhonha. “Mamãe sempre deixou claro que não era chefe e, sim, cozinheira! Ela resgatava as receitas dos antepassados, de quitandeiras e doceiras. Também era apaixonada pela alimentação na escola, que eu acompanhei quando fui professora e, mamãe, diretora de uma escola rural. Ela mudou toda a merenda, reforçando a importância do milho, mandioca e feijão, ao fazer uma horta dentro da escola”, relembra.

Ainda criança, Elzinha utilizava um banquinho para dar altura no fogão e preparar o almoço, enquanto a mãe trabalhava como professora, uma das diversas atividades desempenhadas por Dona Lucinha – também foi catequista, salgadeira, doceira, feirante, quitandeira e vereadora da cidade. Na fase adulta, Elzinha foi morar em São Paulo, onde viveu por cerca de 40 anos. Neste período, esteve na França e na Itália, adquirindo a experiência de cozinhar em festivais.

Vocação empreendedora
De volta ao Brasil, Elzinha trabalhou com as apresentadoras Ana Maria Braga e Palmirinha, nos programas “Note e Anote” e “Mais Você”. Na capital paulista, empreendeu com as irmãs Ana Maria e Ana Cristina, ao inaugurar uma filial do restaurante Dona Lucinha e o restaurante Aneto – especializado em refeição terceirizada para empresas.
Em 2022, Elzinha viveu momento difícil ao perder, em um período de 15 dias, seu pai e uma irmã, que era sócia nos negócios. “Nesta época, pensei em ficar uma semana em Belo Horizonte, com a família. No meio do caminho, mudei de ideia e segui viagem até o Serro, minha terra natal. Foi quando decidi restaurar o casarão onde crescemos. A ideia era conservar o imóvel, mas entendi que minha missão é manter a memória e o legado da família”, destaca.

Com este sentimento, Elzinha transformou o casarão no ‘Café Imperial e Museu de Dona Lucinha’. O local passou a fazer parte das experiências da Rota do Queijo da Região do Serro, lançada em 2024, pelo Sebrae Minas e Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult). Em torno da mesa farta, com receitas antigas a base de queijo e boas histórias, ela recebe, mensalmente, cerca de 100 turistas de diversas partes do país para uma viagem no tempo.
No cardápio, o visitante aprecia bolinho de rala – a receita usa como ingrediente a borda do queijo fresco, que é ralada para dar a forma ideal ao produto -, broas, quitandas, pastel folhado, coalhadas e doces. Além disso, a experiência inclui uma palestra exclusiva da chef Elzinha. “A Rota tem nos apresentado para o mundo. A agenda está cheia de interessados em conhecer a identidade cultural da ‘mesa’ mineira”, comemora.
Para perpetuar
Na jornada empreendedora de resgate às receitas históricas e fortalecimento da cozinha mineira, Elzinha Nunes começou a rodar o país para apresentar o guisadinho mineiro (mexidinho de arroz e feijão) às crianças. Com um mini fogão, visita escolas e participa de festivais para ensinar a base culinária de Minas Gerais.
Conheça o negócio de Elzinha Nunes por meio de sua página no Instagram: @chefelzinhanunes
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Assessoria de Imprensa Sebrae Minas – Regional Jequitinhonha e Mucuri
Samuel Martins
