No alto das montanhas de Campestre, no Sul de Minas Gerais, uma história que atravessa gerações e floresce com sabor, tradição e inovação marca a trajetória da cafeicultora Ilma Rosa Franco. À frente do Sítio Terra Nova, essa mulher, determinada e apaixonada pelo que faz, transformou a herança centenária de sua família em um modelo de empreendedorismo feminino para o agronegócio brasileiro.
Filha da quinta geração de cafeicultores, Ilma cresceu entre os cafezais plantados em solo fértil e altitudes generosas — condições ideais que já eram conhecidas por seu bisavô, o espanhol Major Manoel Joaquim Garcia Rosa, quando trouxe as primeiras mudas para a Fazenda Roseira, entre 1860 e 1870. Mas, foi em 2017, que ela deu um novo rumo à produção da família ao sair da zona de conforto das commodities e se lançar no universo exigente dos cafés especiais. Hoje, a marca Café Rosa Franco é referência em qualidade e autenticidade.
“Eu queria mais do que apenas vender café. Meu intuito era mostrar ao mundo o valor do nosso terroir – conjunto de características naturais e humanas que influenciam a qualidade de um produto -, e da nossa dedicação”, frisa.
No sítio de 68 hectares, sendo 33 dedicados ao cultivo dos cafés especiais, a produção segue um rigoroso padrão de qualidade. Os grãos das variedades Mundo Novo, Catuaí Amarelo e Vermelho, Catuaí, Topázio e Paraíso são colhidos manualmente e passam por um processo minucioso de secagem em terreiros suspensos por até 21 dias, alcançando um perfil sensorial único: aroma frutado doce, às vezes floral, resultado do terroir exclusivo da região vulcânica.
Essa estratégia deu tão certo que, em 2022, Ilma venceu um concurso promovido pela Prefeitura de Campestre, com seu café atingindo impressionantes 88,65 pontos, reconhecimento que colocou ainda mais luz sobre seu trabalho. Hoje, das 600 sacas produzidas anualmente, cerca de 120 são comercializadas como café especial.
A comercialização é feita de forma criteriosa: os cafés especiais são enviados para cafeterias, torrefações e eventos nacionais, como o São Paulo Coffee Festival e a Semana Internacional do Café (SIC). Parte da safra também é exportada, com destinos como Estados Unidos e Japão.