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Bonecas de cerâmica unem gerações e geram renda no Vale do Jequitinhonha

Artesãos, que perpetuam a técnica de moldagem e pintura típica da região, comercializam produtos premiados, no espaço do Sebrae Minas, durante a Feira Nacional de Artesanato (FNA)
Por Da redação
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As bonecas de barro produzidas por artesãos do Vale do Jequitinhonha ganharam o mundo ao retratar cenas do cotidiano feminino, como a maternidade, casamentos, cirandas e o ofício das lavadeiras. As peças feitas na região se diferenciam nos detalhes e revelam a origem e a identidade da cultura passada de geração em geração. Na próxima semana, artesãos que produzem um dos ícones do artesanato do Jequitinhonha estão expondo e comercializando seus produtos no estande “Sebrae TOP 100 de Artesanato”, na 34ª Feira Nacional de Artesanato (FNA), realizada de 6 a 10 de dezembro, em Belo Horizonte.

As bonecas de barro feitas por artesãos de Turmalina, Itaobim e Santana do Araçuaí – pequeno povoado de Pontos dos Volantes – serão vendidas no espaço apoiado pelo Sebrae Minas. Os produtos são de artesãos vencedores da última edição do Prêmio Sebrae TOP 100 de Artesanato, que reconhece as 100 melhores unidades produtivas do país.

A artesã Izabel Mendes, de Santana do Araçuaí, mais conhecida como Dona Izabel, é umas das grandes referências do artesanato do Vale do Jequitinhonha. Falecida em 2014, ela transmitiu a seus sucessores técnicas de moldagem e pintura de bonecas de barro que se tornaram conhecidas em toda a região. Andreia Andrade, de Itaobim, mantém vivo o saber herdado da avó. Formada em Artes Plásticas pela Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), ela conta que custeou seus estudos e suas despesas em Belo Horizonte exclusivamente com a renda das bonecas. E que enfrentou desafios para expor e comercializar seu trabalho.

Dona Isabel referência do artesanato do Jequitinhonha

“Com o apoio do Sebrae Minas, participamos de várias palestras e conseguimos divulgar melhor nosso trabalho nas mídias digitais. Tudo feito de uma forma muito respeitosa, preservando a originalidade da nossa arte”, diz Andréia, uma das vencedoras do ano passado do Prêmio Sebrae TOP 100 de Artesanato, e que estará vendendo seus produtos no estande do Sebrae Minas.

Andreia ao lado da mãe Glória

Outro destaque da premiação, e que também estará na FNA, é a artesã Anísia Lima, da Associação dos Lavradores e Artesãos de Campo Alegre (ALACA), distrito de Turmalina. A habilidade em modelar bonecas de barro chegou à quarta geração da família. A técnica iniciada pela avó, passou para sua mãe, e que agora é ensinada para sua filha. Hoje, a venda do artesanato é a principal fonte de renda da família. “O artesanato transformou a vida da gente para melhor. Aqui na região, o período chuvoso é muito curto e, por conta disso, não posso depender da lavoura, o que faz do artesanato nosso principal ganha pão”, afirma.

Anísia Lima e uma de suas obras

O estudante universitário Augusto Ribeiro, natural de Santana do Araçuaí, de 24 anos, é também da nova geração de artesãos que mantém viva as tradições do Vale do Jequitinhonha. Ribeiro, que também venceu o Prêmio Sebrae TOP 100 de Artesanato, afirma que a paixão pela cerâmica e pelas bonecas vem desde criança. Aos 4 anos, a mãe, Alice Ribeiro, estava desempregada e encontrou no artesanato uma alternativa de renda, depois de aprender o ofício com Dona Isabel. Como Alice não tinha com quem deixar o filho, Augusto ia com a mãe às oficinas de arte, onde aprendeu a técnica apenas olhando.

Alice Ribeiro foi a grande inspiração para o filho Augusto

“Ser reconhecido em premiações e participar de eventos como a Feira Nacional de Artesanato é muito importante, pois são grandes oportunidades para divulgar o Vale do Jequitinhonha e nossa arte para o mundo. Além disso, abrem novas portas para que possa vender para outros estados brasileiros, e quem sabe para outros países”, conta o artesão, que também foi convidado para expor seu trabalho na 2° Bienal Internacional de Cerâmica de Jingdezhen, na China, que se inicia em dezembro de 2023 e vai até junho de 2024.

Augusto Ribeiro com a boneca de cerâmica feito pela mãe Alice

Origem valorizada

O trabalho realizado pelos artesãos ganhou força em 2021, quando foi criada a primeira “marca território” voltada para o artesanato no estado: a Vale do Jequitinhonha. Desenvolvida pelo Conselho das Artesãs do Vale do Jequitinhonha, em parceria com o Sebrae Minas, a iniciativa contribui para divulgar a origem do produto, dar notoriedade à região e estimular a atividade como fonte de renda, aumentando assim sua valorização no mercado.

Entre as ações realizadas está o fortalecimento da governança, capacitações em design e melhoria de processos, além de iniciativas para ampliar o acesso a mercados consumidores, por meio da participação em feiras e eventos nacionais do setor.

“Com consumidores cada vez mais atentos à história por trás dos produtos, nosso objetivo é incentivar os artesãos a explorar todo o seu potencial, para fortalecer a sua identidade e origem, agregando ainda mais valor ao artesanato regional”, justifica o gerente do Sebrae Minas da Regional Jequitinhonha e Mucuri, Rogério Fernandes.

 34ª edição

Este ano, a Feira Nacional de Artesanato terá cerca de 700 estandes com apresentação de produtos nacionais e de representantes de outros países.

Além do estande “Sebrae TOP 100 de Artesanato”, o Sebrae Minas vai apoiar outros 40 artesãos de 34 municípios mineiros, no espaço “Vitrine Conceito Origem Minas”. O ambiente de 375 m2, projetado pela arquiteta Cynthia Silva, proporciona experiências que expressam o jeito mineiro de ser e valorizar os costumes, valores e origens. Entre os produtos que estarão no espaço estão: divinos esculpidos na madeira, biojoias inspiradas no Cerrado Mineiro, carrancas, quadros decorativos, acessórios femininos feitos com capim dourado, utilitários domésticos e joias de prata com gemas lapidadas. A iniciativa tem o apoio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, por meio da Diretoria de Artesanato.

Outra novidade desta edição da FNA, será o estande “Origem Minas”. Os visitantes poderão conhecer, degustar e comprar produtos típicos da gastronomia mineira – cafés, cachaças, doce de leite, biscoitos, licores, mel, própolis, geleias, doces de frutas, antepastos, molhos, pães e até farofa de soja – feitos por 12 agroindústrias do estado, que participam do projeto Origem Minas, promovido pelo Sebrae Minas em parceria com o Sistema FAEMG.

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Feira Nacional de Artesanato

De 6 a 10 de dezembro

Expominas

Belo Horizonte/MG

Informações: www.feiranacionaldeartesanato.com.br

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Assessoria de Imprensa / Prefácio Comunicação

Samuel Martins – [email protected]

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