Nos últimos anos, a relação entre professores e estudantes nas salas vem passando por transformações profundas. Esse panorama tem mudado graças, principalmente, ao surgimento de novas tecnologias, como computadores de última geração, celulares e tabletes. As ferramentas podem ajudar na adaptação ou mesmo ser um dificultador para a atenção e para o aprendizado do aluno. Gerar conexões no ambiente escolar é um dos enormes desafios dos educadores no dia a dia. Segundo a executiva sênior de pessoas e cultura Carolina Marra, é preciso que eles criem um espaço de respeito e troca para conquistar e reter a atenção dos estudantes. Marra participou na tarde desta quarta-feira (29/11) do Encontro Estadual ALI Educação Empreendedora com a palestra “Como criar conexão com as novas gerações”. A iniciativa do Sebrae Minas fez parte da celebração dos dez anos do Programa Nacional de Educação Empreendedora (PNEE), cujas ações tentam fortalecer e difundir a cultura empreendedora nos municípios. À Agência Sebrae de Notícias (ASN), a especialista abordou como os educadores podem criar novas ferramentas para se comunicar com as novas gerações e como exercer um papel de liderança no contexto da educação empreendedora.
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Qual perfil você traça das gerações futuras nas instituições de ensino e na própria sociedade e o quanto esse perfil mudou nas últimas décadas?
Na verdade, a gente vê uma grande mudança geracional que acontece em uma velocidade alta. Há vários dados e pesquisas que mostram que o mundo está mudando mais rápido e um exemplo disso é o tempo de absorção da tecnologia pelas pessoas. Antes, a tecnologia demorava anos para ser absorvida. Hoje, demoram dias ou meses. Isso causa impacto sobre as gerações. A gente sempre teve uma lacuna geracional entre professores e alunos, e esse espaço fica maior por causa da tecnologia. Parece que essa distância é maior, mas não é.
Qual é o impacto disso no comportamento dos alunos?
Vemos um comportamento de desatenção nos estudantes, porque temos um produto tecnológico criado para prender a atenção que na maior parte das vezes vem em formato de vídeos rápidos e curtos. Antigamente, por exemplo, a gente via um filme que tinha um início, depois atingia o clímax e em seguida chegava ao final. Agora, é como se esse clímax durasse o tempo todo, então a hora que você vai para algo que tem uma narrativa mais longa e mais estruturada, isso pode parecer entediante para o aluno. O desafio é manter o aluno interessado e ligado no que está apostando.
Qual é a importância de estabelecer uma conexão com os alunos e como fazer isso?
Os professores que conseguiram estabelecer essa conexão tem um respeito profundo pelo saber do aluno, seja ele um jovem, um adulto ou uma criança. Quando você respeita o outro e está aberto a escutar e enxergar, você automaticamente gera conexão.
Como os professores podem usar a tecnologia a favor do ensino?
A minha aposta é que os professores podem e devem usar a tecnologia como aliada. Mas não é por aí. A tecnologia é uma ferramenta, assim como jogos e brincadeiras também são. O professor tem que trabalhar o afeto, o interesse pela matéria, tem que fazer sentido para despertar o interesse do aluno. Se tentarmos competir com as telas do celular ou do computador, vamos perder. A gente tem que oferecer outra coisa que a tela não oferece: a interação, a atenção, a conexão verdadeira e por aí vai. Um ambiente escolar saudável tem que ter respeito, escuta e espaço de troca.
O PNEE completa 10 anos em 2023. Quais as transformações que você destaca desde a origem?
Essas transformações são grandes e precisam acontecer. A escola não pode parar no tempo e permanecer na mesma enquanto o mundo está mudando. Essas mudanças acontecem na liderança, no empreendedorismo e nas competências emocionais. Não adianta eu decorar uma matéria, eu preciso aprender a resolver problemas. Um exemplo é uma pandemia, que foi um problema novo. Se você não tiver pensado a partir das ferramentas que você tem e aplicar aquele conhecimento a um novo problema, você não avançará. Essa grande mudança vem sendo renovada aos poucos.
Hoje, vemos casos de escolas cujos alunos já trabalham o protagonismo, desenvolvem ideias e esboçam soluções para o dia a dia. Qual a importância desse papel de liderança já desenvolvido desde cedo com os alunos?
Liderança não é um cargo ou uma pool. Trata-se de uma competência que você precisa ter em qualquer situação em que vive. Se desenvolve essa atitude, você toma a frente, toma decisões e escuta o outro, ou seja, são uma série de fatores que fazem com que aquele jovem ou aquele adulto tenha condições de transitar melhor pelo universo pessoal e profissional. Muita gente confunde liderança com autoritarismo, mas não tem nada a ver. A liderança é uma competência frente ao mundo que possibilita uma melhor geração de valor.
Como a tecnologia e a inovação podem acelerar o processo de educação empreendedora?
Se você consegue ter um pensamento criativo e usar as tecnologias a seu favor, tem a possibilidade de alavancar e trazer velocidade para qualquer empreendimento, em qualquer área.
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